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A mostrar mensagens de julho, 2017

À METADE III: SOBRE O “LINHA ABERTA DA STV” E OUTRAS LINHAS ESQUECIDAS

O que aconteceu no debate Linha Aberta da STV da noite do dia 18 de Julho de 2017 não foi um debate sobre os dois anos e meio do mandato do Presidente Nyusi. Foi pelo contrário um julgamento preconceituoso da pessoa do Presidente Nyusi e sua governação. Para que fosse uma avaliação tinha antes que se discutir sobre como o Presidente Nyusi e seu governo encontraram o país. Questionar-se sobre o que havia, o que tinha que ser feito e o que não deveria ter sido feito, seja por mérito ou por demérito da sua governação. Ora, o que havia era um país abraços com calamidades naturais; cheias que cortaram o país em três pedaços e manteve-o incomunicável por mais de trinta dias, logo no início do mandato; um país com metade dele sem energia eléctrica da rede nacional por mais de sessenta dias; uma calamidade natural a sul e norte do país com estiagem à mistura; cheias à mistura; Chitima chorando mais de 100 pessoas mortas por pombe envenenado. Só quem não sentiu fome é que não reconhece o

À METADE II: autoconhecimento

Ainda na senda da avaliação da primeira metade do mandato do Presidente Nyusi, algo chamou-me atenção: a institucionalização do preconceito como método de análise. Está a ficar cada vez sedutor analisar a governação com recurso a tácticas argumentativas falaciosas e aos poucos vamos caminhando para o mato. Três são os principais preconceitos: • Primeiro: “availability bias”, ou seja, o preconceito da disponibilidade - em psicologia, o preconceito da disponibilidade é um atalho mental que se baseia em exemplos imediatos que chegam à mente de uma determinada pessoa ao avaliar um tópico específico, conceito, método ou decisão. • Segundo: “heurística de simulação” - é uma estratégia mental simplificada, segundo a qual as pessoas determinam a probabilidade de um evento baseado em quão fácil é imaginar o evento mentalmente. • Terceiro: preconceito de ancoragem e ajustamento – é uma heurística psicológica que influencia a forma como as pessoas avaliam intuitivamente as probabilidades. De

À METADE I

O Presidente Nyusi e seu governo completaram a primeira metade da sua caminhada governativa. Ele decidiu dirigir-se à nação dizendo o que ao longo do tempo fez. Salientou o incremento dos serviços básicos aos pobres, essencialmente. Deixe-me à guisa de contribuição/provocação tecer alguns considerandos. Primeiro: O grande feito do presidente Nyusi foi a recuperação do processo de Paz. Ele pode falar dos progressos nas áreas de serviços básicos, mas é na Paz que se reconhece o Nyusi, Presidente de todos. E o dividendo da paz é inelutavelmente partilhado por todos. Segundo: O enfoque para o resto do mandato deverá ser no desbloqueio internacional, ou seja, a normalização das relações entre Moçambique e seus principais parceiros económicos. Existe um detalhe muito interessante que eventualmente escape a muitos. Não se trata necessariamente por causa das dívidas ocultas que Moçambique está bloqueado. É sobretudo as consequências que tal escândalo provocou que Moçambique não se vê c

“O TERCEIRO SECTOR” EM MOÇAMBIQUE

Por “terceiro sector” quero referir-me ao conjunto de associações e entidades sem fins lucrativos que trabalham em prol do desenvolvimento social. Aliás, o termo provém da sociologia e vem da américa, “third sector”, em inglês. Em teoria, a sociedade divide-se em três sectores, nomeadamente o Governo (primeiro), o sector privado (empresas e empresários – segundo sector) e sociedade civil (terceiro). Segundo a mesma classificação, o terceiro sector intervém em áreas ou locais onde o Estado não consegue chegar, fazendo acções solidárias (Quintão, 2004). Iria continuar com a minha longa e habitual introdução, mas paremos por aqui. Começaria muito rapidamente por questionar o que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC) através da sua Direcção das Organizações Internacionais (DOIC) está a fazer para melhor organizar o “terceiro sector” em Moçambique. Julgo que temos potencial de esta direcção ajudar no aceleramento do desenvolvimento nacional, através de uma efec

DESCENTRALIZAÇÃO: pensar para além das balas

Estão o governo e a Renamo a discutir a descentralização, no âmbito do diálogo de busca de uma chamada Paz Efectiva. Reflecti sobre a proposta da Renamo e o que trago não é tão bom assim. A conclusão a que cheguei é de que o processo é longo, será longo, até alcançarmos um ponto de equilíbrio. Para recordar, a Renamo, na pessoa do seu líder propõe (mas ele exige) que os governadores sejam eleitos e estes sejam autónomos na sua governação. Olhei para a constituição e só vi um pandemónio em formação. Eis as minhas questões. 1.        Constitucionalmente o Presidente da República é o chefe do governo e do estado. De recordar que o nosso país é de um presidencialismo reforçado. 2.        Os governadores são nomeados e exonerados pelo Presidente da República. 3.        Abaixo dos governadores estão os administradores, também estes, representantes do chefe do estado ao nível distrital. 4.        Os directores provinciais vivem uma dupla subordinação camuflada. Obedecem o govern