AS MENSAGENS DE CHITIMA
Sou tetense. As mortes dos meus conterrâneos me deixam inconsolável. Mas nelas busco forças e coragem para continuar a chamar atenção a lâmina sobre a qual vivemos pendurados. Vivemos em cima de uma lâmina. Cunho o aforismo de Carlos Serra, tetense, sociólogo moçambicano e meu professor, que escrevera em 2003 um livro intitulado "Em cima de uma lâmina, Um estudo sobre precaridade social em três cidades de Moçambique". Este país vive em cima de uma lâmina. E a tragédia de Chitima tratou mais uma vez de expô-la, principalmente em relação ao nível de preparação da sociedade e do Estado na sua capacidade de lidar com grandes crises. Até agora morreram 63 pessoas em consequência do envenenamento do pombe. Das 146 pessoas que inicialmente deram entrada nos hospitais de Chitima e Songo, 63 já faleceram, representando 43%. 35 Pessoas estão internadas. Quero aqui falar da vulnerabilidade, de impreparação das autoridades sanitárias em lidar com surtos epidémicos e tragédias, da...