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A mostrar mensagens de outubro, 2006

O regresso do Estado?

A relação do Estado com os cidadãos é complexa porque, ao contrário do que pretende a teoria liberal, o Estado não reconhece apenas cidadãos, reconhece também os grupos e classes sociais a que eles pertencem. Como estes grupos e classes têm uma capacidade muito diferenciada de influenciar o Estado, a igualdade dos cidadãos perante o direito e o Estado é meramente formal e esconde desigualdades por vezes gritantes. É por isso que os empregados por conta de outrem pagam proporcionalmente mais impostos que os seus patrões, que o pequeno empresário é mais controlado pela fiscalização do Estado que o grande empresário, que a prática de crimes é socialmente mais diversa do que a população prisional, que as empresas têm mais acesso à justiça que os cidadãos e que os grandes negócios (privatizações, fusões, etc.) quase sempre recorrem à cumplicidade ilegal dos agentes do Estado sem que tal configure o crime de corrupção. Apesar de tudo isto, ao longo do século passado, o Estado democrático sou

O futuro da democracia

Uma sociedade só é democrática quando ninguém for tão rico que possa comprar alguém e ninguém seja tão pobre que tenha de se vender a alguém. . Rousseau Analisada globalmente, a democracia oferece-nos duas imagens muito contrastantes. Por um lado, na forma de democracia representativa, ela é hoje considerada internacionalmente o único regime político legítimo. Investem-se milhões de euros e dólares em programas de promoção da democracia, em missões de fiscalização de processos eleitorais, e, quando algum país do chamado Terceiro Mundo manifesta renitência em adotar o regime democrático, as agências financeiras internacionais têm meios de o pressionar através das condições de concessão de empréstimos. Por outro lado, começam a proliferar os sinais de que os regimes democráticos instaurados nos últimos trinta ou vinte anos traíram as expectativas dos grupos sociais excluídos, dos trabalhadores cada vez mais ameaçados nos seus direitos e das classes médias empobrecidas. Sondagens recentes

Historiadores e Ideólogos

Historiadores são indivíduos, cientistas ou amadores que utilizam uma metodologia científica apropriada para compreender os factos enquanto que os ideólogos são aqueles indivíduos – até podem ser com formação em história –que utilizam a análise histórica para fundamentar este ou aquele posicionamento político. In: Yussuf Adam, 1991, p.51

Quando a irresponsabilidade vira Arte - o Caso do ZIco

Maboazudas. Negra mulata leva...até a albina... Nma das canções do Zico, intérprete, produtor e músico moçambicano, diz ele que não tem escolha. Gosta das mulheres. Nasceu assim. Continua... nasceu assim...não tem culpa. A canção está a levantar problemas de toda a sorte. Uns contra, outros a favor, e ainda outros a compreendê-lo. Eu manifesto-me contra todas as formas de discriminação. E não podemos compreender um shangana falado em Português- língua que Zico fala na música -com toda a carga discriminatória à volta. Arte não implica irresponsabilidade. Mostrar e retratar a sociedade não implica a prática de obcenidades em público. Criticar práticas discriminatórias não implica mostrar como se faz. Enfim, á irresponsabilidade de um artista é imputável à este e não á sociedade. E ainda querem que compremos os seus discos!

Sobre o espaço para Downloads

Gostaria de avisar que, como bem podem denotar, existe neste blog, um espaço para downloads . É um esforço que visa partilhar informação. Parto do princípio de que os internautas não só gostam de ler o meu pensamento como também passam por aqui a procura de informação do seu interesse. Por isso mesmo quero deixar um pedido: Escrevam para mim, se um dia precisarem de um texto, artigo ou livro sobre assuntos relacionados com economia, globalização, história social e económica de Moçambique, epistemologia das ciências sociais, etc. Se eu tiver mando.

Estou a ter problemas

Caro colegas, Entre ontem e hoje, verifico um problema tecnico no meu blog. Nem eu consigo ver o que escrevo. Nao sei o que e. Mas espero que se resolva. Abracos PS: Estou com febres. Espero que passe o mais cedo possivel

O semanário Savana nas celebrações da Independência de Moçambique (1998-2003)

Nós, os Outros e a História - o semanário Savana nas celebrações da independência de Moçambique (1998-2003 , é o título da Tese de Mestrado de João Feijó, amigo e leitor deste blog. A Tese ainda não foi defendida e encontra-se disponível neste blog. Feijó é mestrando em Relações Interculturais na Universidade Aberta do Porto. A Tese tem como supervisora a Professora Doutora Maria Isabel João da Universidade Aberta do Porto. Por favor, clica aqui para ter acesso à ela ou veja a secção dos downloads , mesmo aqui, do lado direito. Comentários sobre a tese, escrevam para ele

Fórum Social Moçambicano. Que expectativas?

Nasce em Moçambique, um Fórum Social Moçambicano , o culminar de todo um processo de lutas sociais. Por lutas sociais quero me referir à todo um conjunto de lutas pela justiça social, este bem que o neoliberalismo, sob todas suas formas, tenta silenciar, aliás, remeter à total ausência. Eu sempre estive ao lado deste processo, desde que fundei este blog em Maio de 2005. Espero que este fórum seja de facto um fórum e não um simples foro . A avaliar pela dinâmica do movimento associativo moçambicano, para que este Fórum tenha sucesso, é preciso que tenha uma liderança forte. Uma liderança que não se coopte pelo discurso anestesiante. É preciso que o Fórum prime pela luta social, priorize a divulgação das vozes dos oprimidos; busque alianças internacionais que ajudem a divulgar ainda mais tudo o que impede o desenvolvimento social em Moçambique. Se os líderes deste Fórum priorizarem workshops patrocinados pelo Banco Mundial ou FMI ou organizações não governamentais dos países da OCDE ou

Combates pela mentalidade histórica 8 - Singapura. A História de um sucesso económico

Dando continuidade com os nossos combates pela mentalidade histórica, hoje trago-vos a história do sucesso económico da Singapura, um país insular, localizado no extremo sul da península da Malásia (este outro sucesso). O objectivo último destes combates é demonstrar e tentar desmontar a tese neoclássica que, á todo custo, rechassa a actuação do Estado nos processos económicos e, acima de tudo, reduzindo-o ao papel mínimo de regulador. Não só. Os combates que tentamos travar aqui pretendem provar, que, apesar de o paradigma dominante (paradignma neoliberal da economia) ser o que mais vinga no Mundo de hoje, há alternativas credíveis e mais redistributivas, que, acima de tudo reduzem a polização social e promove o bem-estar generalizado. lembrem-se que começamos com a América Latina, onde falamos das políticas económicas venezuelanas, brasileira e por fim cubanas. Estamos agora na Ásia, onde vimos primeiro a China, agora estamos com a Singapura. Em todos estes exemplos, o papel do Esta

Já podem comentar o Ideias de Moçambique

Depois de tanto tempo, decidi ultimamente, repor o ícone que possibilita os leitores deste blog comentar os artigos aqui postos. Confesso que isso foi graças à duas pessoas: Celso Cau , amigo e advogado bem como Albertina Oliveira , novel no bloguismo. As suas últimas mensagens deixaram-me bastante pensativo: como posso avaliar a importância deste espaço? Só como comentários, conclui Por isso o meu muito obrigado pelo encorajamento. À todos, mais uma vez, bem vindos ao meu/nosso espaço. Já podem comentar o ideias de moçambique!

O ideias de Moçambique referenciado no Brasil

É gratificante a forma como a procura de conhecimento rompe barreiras geográficas. Um economista, consultor e docente universitário brasileiro de nome Márcio Pimenta , bloguista, convidou-me a escrever algo sobre Moçambique para o seu blogue, como forma de alimentar a fome de informação que os seus estudantes têem sobre Moçambique. Não me fiz de rogado, escrevi e ele, amavelmente pôs o meu pequeno artigo à disposição de todo o Mundo. Para quem quiser ver o meu artigo, por favor cliquem aqui . Aos bloguistas, por favor adicionem este link aos vossos. Um grande abraço.

Combates pela mentalidade histórica 7

Hoje trago-vos, como prometi, experiências de luta e produçãso não necessariamente capitalistas. Ásia, mas concretamente a China. Abaixo, vai o texo que, apesar de não concordar com todos seus pontos, interessa ler. Clica aqui para obtê-lo.

Faleceu o biólogo, escultor e pintor Augusto Cabral

Faleceu Dr Augusto Cabral - Ex-Director do Museu de Historia Natural. A familia enlutada, vao os meus sinceros pesames. Para uma sumula daquilo que foi o Dr. Cabral, por favor, va ao portal do Professor Carlos Serra. Clica aqui

Simpósio Internacional Samora Machel - Mbuzini, 20 anos Depois. Minha palestra

No dia 7 de Outubro de 2006 tive a ocasião de palestrar no Centro de Conferências Joaquim Chissano em Maputo, Moçambique, no Simpósio Internacional Samora Machel - Mbuzini, 20 anos depois. O Simpósio tinha, dentre os objectivos, reflectir sobre a governação samoriana desde a independência até o Acordo geral da paz, em 1992. Eu abordei Moçambique entre o período de transição (1983) aos nossos dias. O título da minha palestra era: Do «consenso de Washington» aos desafios da globalização económica neoliberal. Para uma análise do reajustamento estrutural e do papel das instituições na política económica nacional, 1983 aos nossos dias. Este paper faz parte da minha tese de Licenciatra em História, defendida no Departamento de História da Universidade Eduardo Mondlane. O paper pode ser encontrado aqui enquanto que a tese pode se encontrar aqui . O meu muito obrigado. Aceito críticas, bastando me escrever e eu agradecerei bastante.

Unidade de Diagnostico Social Nasce

Ja está online o novo site da Unidade de Diagnóstico Social. Visite-a

Unidade de Diagnóstico Social - Carta aos governantes de Moçambique

Carta do Professor Carlos Serra . Uma ideia, uma proposta. Divulguem-na. Eu apoio-a Estimados Governantes Permitam-me que, desta forma simples, informal, fazendo uso deste poderoso meio de comunicação, vos dirija esta carta e vos convide a lê-la. Tendes muitas tarefas, mas espero que a possais ler. Se não a puderdes ler, eventualmente algum dos vossos subordinados vos poderá chamar a atenção para ela. Assim espero. A questão é a seguinte: muitas vezes surgem no nosso país fenómenos cuja natureza e cuja amplitude passam despercebidas ou que não recebem a atenção necessária, fenómenos cuja gravidade requer um diagnóstico imediato e um conjunto de medidas de prevenção e correcção. Por exemplo: os linchamentos que estão a ocorrer este ano e que parecem ter começado no bairro T3 na Matola; as acusações nas zonas ribeirinhas de Nampula de que o governo as está a matar com a cólera introduzindo deliberadamente cloro na água; o linchamento, há alguns anos atrás, de dezenas de pessoas acusadas

Combates pela mentalidade histórica 6

Hoje trago-vos uma curiosidade muito interessante sobre Cuba. Trata-se do seu grande avanço na Educação, apesar da constante diabolização. A fonte original destes dados encontra-se aqui . Este é o último artigo sobre América Latina. A partir da quinta-feira seguiremos para Ásia, onde tentaremos buscar experiências de resistência e de produçãao alternativos ao modelo neoliberal ortodoxo. Educação em Cuba Em 2005 existiam em Cuba,mais de 500 mil estudantes em universidades, de todos os ramos da ciência, e que podiam ser qualificados e requalificados, podiam passar de uma actividade para outra e serem capazes de muitas coisas. Entre esses estudantes, mais de 90 mil eram jovens que não tinham matrícula nem emprego, muitos deles de origem humilde, que hoje estão a obter excelentes resultados nos estudos universitários. Existem para já, 958 universidades. Há 169 universidades municipais, do Ministério de Educação Superior; há 84 universidades em comunidades açucareiras; 18 em prisões , unida

Combates pela mentalidade histórica 5

Hoje trago-os um texto de Michael A. Lebowitz, Professor na Universidade Simon Fraser (Canadá) e que actualmente reside em Caracas, Venezuela. Fala-nos da alternativa ao Capitalismo Global Neoliberal fundada na experiência Venezuelana. O artigo original está em inglês aqui ou aqui As rações dos escravos nunca foram fixas. Do mesmo modo, também os trabalhadores e cidadãos no mundo capitalista, através das suas lutas, puderam sempre garantir para si mesmos uma parte dos benefícios do trabalho social. A globalização capitalista e a ofensiva das políticas do estado neoliberal, contudo, usurparam todas essas conquistas das lutas do passado; e a resposta para os que se mostraram surpreendidos por verem quão efémeras eram essas vitórias foi a fórmula mística do TINA [1] – de que 'não há alternativa'. No entanto, quando os malefícios da ofensiva capitalista se tornaram óbvios, surgiu a oposição, principalmente na América Latina. Actualmente, os trabalhadores em todo o mundo têm os olho