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A mostrar mensagens de abril, 2017

Contra o vício da "ancoragem" e do "ajustamento"

À MEDIDA que nos aproximamos a data final para a entrega pela Kroll do seu relatório, noto sentimentos mistos à volta da expectativa, todos apontando para um conflito emocional forte. É que todos querem que o relatório satisfaça as suas expectativas.  Está aqui um mau vício que nos apossa a todos nós: cinismo e ausência total da confiança nas instituições. A começar pelos contratantes até aos beneficiários, todos escondem o seu nervosismo atrás de palavras vazias como “o relatório deve apresentar dados concretos”; “o relatório deve explicar com clareza o destino dos dinheiros” ou “o relatório deve ser consequente”. Ou seja, se antes o maior “sonho” era ver o governo a ceder à pressão internacional em relação a auditoria, agora quer-se influenciar no resultado da própria auditoria, ou seja, influenciar no conteúdo e até na redacção do texto final. Porque é que isso acontece? Porque há muito que fazemos da incredulidade, da crítica inconsequente, do partidarismo polarizador e de ou

LAM: SUBSÍDIOS PARA UM DEBATE INFORMADO

Este texto pretende ser curto. Não sei se conseguirei. Mas à medida que vou tentando ser sucinto, vêm-me à memoria um conjunto de nunaces que julgo serem importantes partilhar. Começo por uma verdade insofismável. No mundo inteiro, o sector da aviação comercial com voos regulares é um dos que menos lucro faz comparado com outros sectores de negócio. Portanto, a percepção que temos, de que as empresas de aviação comercial ganham balúrdios de dinheiro, é perdidamente incorrecta. Os lucros anuais das companhias aéreas raramente ultrapassam os 10%. A Barel Karsan, uma firma de análise de investimento, comparou o historial de lucros de 15 sectores económicos desde 1992-2006 e concluiu que o sector de bebidas não-alcoolicas é o que mais lucro faz e o do sector da aviação comercial o que menos lucro arrecada a cada ano. As indústrias de software, farmacéuticas e comsméticos estão entre as que mais lucro fazem. É verdade que do ponto de vista nominal os valores são grandes, porém, do ponto

COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E RELAÇÕES PÚBLICAS: O que se pode aprender das visitas presidenciais?

UM memo aos comunicadores públicos Antes de responder, uma pequena contextualização: o Presidente da República está a visitar os ministérios e entidades subordinadas para se inteirar sobre o funcionamento das mesmas, ver “in loco” o dia-a-dia das instituições e injectar um pouco de “veneno” de modo a que os planos e metas de governação sejam cumpridos. Acontece que até agora, o Presidente revoltou-se publicamente contra algumas práticas, decisões ou processos governativos ou de gestão. A arraia de indignação gira “mais à esquerda mais à direita” ao tom e ao conteúdo que o PR deveria ou não dizer em público. Não é meu interesse compulsar sobre o mérito da crítica ou da indignação (selectiva, diga-se) mas reflectir sobre como a comunicação institucional poderia ajudar na mitigação da negatividade com que as visitas presidenciais se associam. O meu argumento é que cabe aos anfitriões construírem uma melhor narrativa sobre a sua instituição e urdir uma melhor estratégia de relações

VAMOS CONSERTAR O 7 DE ABRIL

7 de Abril é um dia muito triste par mim. É o dia em que morreu uma das mais laboriosas mulheres moçambicanas. Josina Machel. Essa heroína de dimensão transcendental cuja obra é de reputação ilibada, devia merecer um dia especial. O DIA DA JOSINA (JOSINA DAY). ORA, como historiador, não concordo que seja o dia da mulher moçambicana por causa de alguns detalhes éticos, historiográficos e até políticos. Josina Machel foi uma das esposas de Samora Machel. Por sinal a última publicamente conhecida durante a luta armada de libertação nacional até a independência nacional. Voltarei a este ponto. Josina não faz parte do primeiro grupo de 25 mulheres a aderir a luta armada, entre elas, a Marina Pachinuapa. Portanto, ela chega muito mais tarde. “FOI NO DIA 4 DE MARÇO DE 1967 que Filomena Likune, Mônica Chitupila, Marina Pachinuapa e outras 22 colegas deram entrada no Centro de Preparação Político-Militar de Nachingwea, transportadas em camiões provenientes da fronteira entre Tanzânia e M