VAMOS CONSERTAR O 7 DE ABRIL

7 de Abril é um dia muito triste par mim. É o dia em que morreu uma das mais laboriosas mulheres moçambicanas. Josina Machel. Essa heroína de dimensão transcendental cuja obra é de reputação ilibada, devia merecer um dia especial. O DIA DA JOSINA (JOSINA DAY).
ORA, como historiador, não concordo que seja o dia da mulher moçambicana por causa de alguns detalhes éticos, historiográficos e até políticos.


  • Josina Machel foi uma das esposas de Samora Machel. Por sinal a última publicamente conhecida durante a luta armada de libertação nacional até a independência nacional. Voltarei a este ponto.
  • Josina não faz parte do primeiro grupo de 25 mulheres a aderir a luta armada, entre elas, a Marina Pachinuapa. Portanto, ela chega muito mais tarde. “FOI NO DIA 4 DE MARÇO DE 1967 que Filomena Likune, Mônica Chitupila, Marina Pachinuapa e outras 22 colegas deram entrada no Centro de Preparação Político-Militar de Nachingwea, transportadas em camiões provenientes da fronteira entre Tanzânia e Moçambique. Este grupo de mulheres viria a constituir o núcleo fundante do Destacamento Feminino!” (Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique). Voltarei ao assunto, agarrem-se.
  • Comparando com outras mulheres da época, a Josina foi de facto, uma grande mulher como outras, extremamente exigente consigo própria, super-trabalhadora mas...Ela foi precursora e não iniciadora. Posso indicar pessoas que chegaram antes dela, mas assim parecerá estar a inveja-la.

Concluindo: No tempo da ditadura, quando Samora mandava em tudo sem precisar de fundamentar, sugeriu o dia 7 de Abril, dia da morte da sua mulher, para ser o Dia Da Mulher moçambicana. Portanto, está aqui um vício de abuso do poder. A boa é que é possível reconstituir isso e repor a verdade.

É possível manter o 7 de Abril como feriado, para reflectirmos e celebrar as virtudes, vida e obra da Josina Machel e seu legado. Também é imperioso repormos a verdade, encontrando um outro dia para celebrar a Mulher Moçambicana. Sugiro por isso a transformação do Dia do destacamento feminino para Dia da Mulher Moçambicana. Que o dia 4 de Março seja feriado, para celebrarmos a mulher moçambicana. Tal como está, estaremos de facto a celebrar o dia de uma das mulheres de Samora.

PS: Os situacionistas virão para defender o que já sabemos. Para estes, importa recorda-los que “a luz elétrica não veio da melhoria contínua de velas”. Se quisermos tornar a nossa sociedade cada vez melhor, devemos questionar e tomar acções consequentes. Pensar, reflectir e sugerir reformulações é uma das formas de participar na melhoria da nossa sociedade, da nossa história.

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