Acareação Histórica

Trinta anos após a Independência nacional, importa revermos a história. Um dos momentos em que senti a “revê-la” foi aquando da Conferência proferida por Mário Soares, ex-presidente da República Portuguesa, dada Quinta-feira passada, dia 23 de Junho, no Centro Cultural Universitário da Universidade Eduardo Mondlane.

De facto, na sessão de perguntas e debate por ele abertas, apareceram ilustres individualidades que, pela sua boa ousadia quiseram ouvir a versão portuguesa da Guerra Colonial, ou de Libertação Nacional, como queiram.

Eu senti-me perante uma acareação histórica. Estava Joaquim Chissano, actor dos processos e ele próprio M. Soares.

Do debate, saiu-me à vista três constatações:
1.Que a história da Luta de Libertacão Nacional é tão complexa e não simples como se tem contado.
Algumas das estórias que nos são contadas, afinal, não passam de versões míticas, cuja função é galvanizar o espírito heróico e irredutível do chefe. Fiquei a saber que afinal de contas, Mário Soares, em nenhum momento quis chamar e nem chamou Samora Machel por CAMARADA. Muito menos ele Samora o tinha pedido para que o tratasse por EXCELÊNCIA. O ex-presidente Chisaano esteve lá e abanava positivamente a sua cabeça quando Mário Soares respondia à esta pergunta, vinda do esposo da Ministra da Mulher e Acção Social de Moçambique.

2.Que o Dossier Cahora Bassa não é tão complicado como se pensa; que aquando dos Acordos de Lusaka, este assunto foi trivial demais para constar nos pontos, mas que posteriormente fora retomado através de comissões especializadas. Acho eu que o nosso Governo está a nos esconder algo relativamente a duas questões: (1) sobre a dívida que Portugal contraiu aquando da construção daquele empreendimento- se Moçambique poderá herdá-la sem engociações e (2) se Moçambique quer a Cahora Bassa para si ou para ESKOM da África do Sul.
3.Que é duvidosa a tão propalada versão de que a Frelimo derrotou política e militarmente o Governo colonial português. Três perguntinhas: (1) foi o “25 de Abril” consequência do Colonialismo/Guerra Colonial ou do fascismo/opressão ao povo português?; (2) Qual era a presença física militar da Frelimo à nível nacional? Era essa presença suficiente para derrotar militarmente o colonialismo português? (3) O 25 de Abril abriu ou não o caminho às negociações de Lusaka?

Ao analisarmos o processo de libertação nacional, não nos esqueçamos que, doutro lado do Mundo, estiveram pessoas de boa vontade que nos ajudaram a alcançá-la. Não assumamos sozinhos os feitos. É preciso reconhecer a ajuda que os outros prestaram a nós. E nisto, o PCP, o MUD e outros movimentos progressistas do Mundo em muito trabalharam para a nossa independência. A Frelimo derrotou políticamente o colonialismo. E nisso estamos juntos.
Viva Moçambique!

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