Fazedores da Opinião Pública em Moçambique

O debate sobre a revisão das cores da bandeira e do emblema nacional de Moçambique vai ao adro. Os fazedores da opinião pública não dormem. Madrugam para a Rádio Moçambique para, durante o Café da Mnhã defenderem a História e as conquistas do Povo Moçambicano. À noite, cruzam as estradas à caminho a Televisão de Moçambique ou aos outros canais, isso, sem contar com as outras inúmeras estações radiofónicas FM.

O motivo não é para menos: fazer ouvir a sua voz, em “nome de todas as camadas sociais” de que estão contra a revisão da bandeira nacional. Concordo com eles, todavia, discordo completamente quando estes pretendem representar as classes sociais. A decisão sobre o SIM ou o NÃO cabe ao povo e este deve ser chamado a se pronunciar sobre o caso num REFERENDO.

Eu, pessoalmente era a favor da mudança, dadas as justificações que nos anteriores números deste blog esgrimi. Todavia, poderei me dar por derrotado caso a suprema deccisão coubesse ao Povo através de uma consulta popular.

Mesmo assim, não deixo de ver alguma coisa estranha nesse caso. Sabendo que a Frelimo é quem lidera a Comissão ad-hoc para a revisão da Bandeira, estranho, dizia, como é que surge dentro da própria Frelimo vozes como as de Marcelino dos Santos contra? E a par dele, muitos outros apareceram em desfavor deste processo. Não querendo me intrometer em assuntos alheios, acho essa reviravolta estranha.

Da necessidade de Mudar: do mal congénito

De facto a bandeira representa uma determinada época e determinados valores em torno dos quais o povo se une. Por isso, no tempo do socialismo, os símbolos que aparecem na Bandeira foram inteira e inquestionávelmente aceites. Arma como símbolo de resistência e luta – no sentido lato, enxada e livro e estrela com seus significados próprios.

Esta bandeira está bem assente nos princípios ideológicos do socialismo. Ninguém nega essa verdade. Para mim, o mal foi este. Muitos países que foram mais fortes que nós no processo da sua resistência e se calhar, na altura eram mais cultos que a maioria de nós, alcançada a sua independência nunca ousaram colocar nas suas bandeiras, os instrumentos que estes nacionalistas teriam usado para derrotar o colonialismo, muito menos as armas que usariam para se defender de seja quem fosse. Pior, nunca colocaram em forma de símbolos, as grandes estratégias económicas do país.

É que estes entenderam logo que ao assim proceder, estariam a cometer um grande erro. Estratégias económicas mudam, da mesma forma que os instrumentos de luta e resistência. Entenderam que a Bandeira e o Emblema simbolizam ou devem simbolizar a unidade de todo um povo e os símbolos bem como as cores devem ser o mais lato, genérico e teleológico possível. Ou seja, devem espelhar ideias gerais do que o povo espera, anseia e da utopia de que este se nutre. É por isso que esses nunca mudaram as suas bandeiras. Porque são pacíficas. A propósito, quantas bandeiras possuem arma, por exemplo?

Portanto, a nossa bandeira sempre será motivo de conflito, pois ela própria é de per se conflituosa.

Seria melhor pensarmos numa outra. Acho.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Gwaza Muthini, na forma como a conhecemos hoje é um BLUFF HISTÓRICO.

Três opiniões diferentes sobre o TSEKE