Carlos Serra Escreve ao Presidente da República

O Professor Carlos Serra, sociólogo e investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane escreveu uma carta ao Presidente da República.
Motivo: o crescente e preocupante desmatamento das florestas moçambicanas. Ele pede a instauração de uma comissão de inquérito para avaliar o nível das coisas. O meu comentário vem depois depois:

Senhor PresidentePermita-me que lhe escreva esta carta.Sei que não tem tempo para a ler, mas quero acreditar que alguém lhe dará conhecimento dela.
Senhor Presidente: a nossa terra já exportou escravos, ouro, marfim, madeira, tanta coisa!
Como sabe, escrevi nos manuais de História de Moçambique, nos anos 80, como tudo isso se passou.
Agora, Presidente, parece que estamos a regressar aos séculos da pilhagem.As nossas florestas estão a ser delapidadas.
E floresta, Presidente, é raíz, floresta é o conjunto das nossas raízes, desta terra amada, mas desta terra cada vez mais desmatada.Presidente: corremos o risco de perdermos as raízes.Permita-me sugerir-lhe uma coisa: a nomeação imediata de uma comissão de inquérito dirigida pelo decano dos nossos cientistas, Professor Engenheiro Carmo Vaz.
E é tudo, Presidente.
A luta continua.
Carlos Serra
Centro de Estudos Africanos
=FIM=
Comentário
Há muito que as nossas florestas vêem sendo desmatadas indiscriminadamente. Quem fala de florestas também pode se referir à outros recursos naturais e minerais como ouro e outras pedras precisosas no centro e norte do país; madeira no centro e norte bem como sul ; camarão e outros recursos marinhos-uma autêntica razia movida pelos pescadores piratas e concessionárias que não obedecem à nenhuns critérios de sustentabilidade.
Vemos também a pilhagem aos mais elementares direitos dos nossos concidadãos que, trabalhando nessas empresas, não gozam de nenhumas regalias legalmente estatuídas, nomeadamente férias disciplinares, dias de folga bem como salários mínimos estatuídos pela lei do Trabalho.
Estes problemas todos têem sido reportados. O Ministérios do trabalho, só com a chegada da Drª Helena Taípo é que começou a mover alguma palha. Mas logo enfrenta uma organizaçãozinha, mesquinha, que ostenta um nome moçambicano de CTA, que logo corre em criticar algumas das medidas que há muito deveriam ser tomadas aos empregadores prevaricadores. Essa organização não passa de porta-voz de uma ONG norte americana que se diz estar a trabalhar em prol do desenvolvimento de Moçambique.
A vergonha por que passou aquando do debate da nova Lei do Trabalho prova claramente que o CTA não está ao serviço dos empregadores, mas sim da USAID.
Voltando às empresas exploradoras de recursos naturais, importa denunciar aqui a conivência do Governo, ao não agir imediatamente, sempre que esses casos são denunciados. Medidas paliativas como apreensão e detenção de trabalhadores que na altura estavam empoleirados em cima de camiões, entre troncos, não bastam. É PRECISO PRENDER OS DONOS DESSAS EMPRESAS, RETIRANDO-OS DE SEGUIDA AS RESPECTIVAS LICENÇAS DE EXPLORAÇÃO.
Não se deve hipotecar o futuro do país e das gerações vindouras em nome de um INVESTIMENTO seja qual for.
Não se deve retirar do povo a árvore, guardadora da esperança, da água, dos animais bravios e da própria vida, em nome de alguns dólarezitos cujo beneficiário, em vez de usá-los no reflorestamento, compram mais um carro luxuoso 4x4.
É tempo para dizer BASTA!
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