Afonso Dhlakama e a Policia
"Se os polícias se aproximarem às urnas para amedrontar o povo
serão arrancados as armas e
MORTOS.
IMEDIATAMENTE!"
Afonso Dhlakama. In: Jornal da noite, STV, 20.00hrs, 14.03.07
“Os polícias que aproximarem das urnas serão mortos por ex-comandos da Renamo. Já falei
com eles e estão preparados. Serão colocados nos postos de votação como fiscais das forças
da Lei e Ordem. Os elementos que se aproximarem às urnas serão arrancadas as armas pelos
ex-comandos e se resistirem o país pode arder”.
idem, in Jornal A Tribuna Fax, 15.03.07
Aquando do encerramento de mais um Seminário de capacitação em matérias eleitorais, dirigido aos membros da Renamo que ontem findou na Cidade da Matola, Afonso Dhlakama, Presidente da Renamo afirmou que não irá mais tolerar a vingança da Polícia que, no dia das eleições, amedrontar as pessoas. Ele acusa a Polícia de ser parte integrante das artimanhas da Frelimo e que tem como consequência, a sua derrota e a da Renamo.
As afirmações de Dhlakama não nos são estranhas, variando apenas no tom. Todavia, se por um lado estamos habituados ao seu discurso, por outro, revelam uma caducidade política extremamente preocupante.
Um líder da Oposição que aspira o poder político nunca deveria pronunciar tais impropérios, ainda contra um órgão contra o qual não tem bases sólidas para sustentar o que afirma.
Um dos aspectos que ele, Dhlakama, não vê em todos pleitos eleitorais é o facto de o seu partido não ter tido membros suficientes para cobrir todas as assembleias de voto. Pior que isso é que a renamo tem tido dificuldades em fornecer alimentação aos seus respectivos delegados ou observadores durante todo o processoeleitoral.
Em todas as eleições, vimos membros observadores da Renamo a receber alimentos de seus colegas da Frelimo, sempre que fossem horas para, seja qual fosse a refeição. Em todas eleições, vimos membros Observadores da Renamo a partilhar cobertores quando a noite caísse. A maioria dos observadores e membros da CNE da Renamo não tem o mínimo de conhecimento de pacotes de informática. Apenas observam. Vimos ao longo de todo esse tempo, desde 2004, altura em que, pela terceira vez perdeu as eleições, uma Renamo em total letargia. Sem nada fazer. A única que dava sinais de vida era a Renamo da Assembleia da República, mas também sem muita atenção ao que falava.
Pensávamos nós que período entre-eleições constituía para a Renamo em particular e os derrotados no geral, momento de reflexão séria e de correcção de falhas que estiveram na origem da derrota. Não foi isso que vimos na Renamo. Vimos pelo contrário, um sono profundo; uma à-vontade como que nada estivesse para acontecer.
- Não basta apontar o dedo acusador á Frelimo ou Governo. É, sobretudo, preciso que se resolvam os problemas internos para que melhor se esteja preparado para enfrentar o externos. Não nos parece ser essa a situação interna da Renamo. Apesar de ter havido problemas e graves erros nas eleições passadas, somos da opinião de que também a Renamo falhou em todas as esferas: organização interna, campanha política bem como na liderança. E estes males ainda continuam.
- Não se deve contar com a boa vontade do adversário quando os interesses são convergentes. O Poder Político.
- Não se deve contar com a boa vontade da Comunidade Internacional quando o Partido não se mostra capaz de, internamente, melhor se organizar e estruturar, com um discurso coerente e apto a assumir o poder. Ela, a Comunidade Internacional, sempre estará do lado do mal menor, sancionando as eleições, mesmo que sejam ensombradas por diversas irregularidades.
- Não se deve contar com o povo, que sempre em si votou, pois ele muda constantemente em função do nível de satisfação de suas necessidades básicas.
Afonso Dhlakama não deve contar com a honestidade dos seus membros observadores muito menos os tais ditos "guarda presidencial" e toda a cambada de seus sequazes se não puder pagar atempada e adequadamente os seus ordenados salariais e outras benesses.
Afonso Dhlakama não deve reclamar da fraude. Ele deve reclamar de si próprio, que não tem sido capaz de se reconciliar com a democracia, com a paz e bem estar social e com a organização do seu partido.
Nunca nenhum partido político moçambicano perdeu tantos quadros, membros e simpatizantes entre 1999 a 2006 como a Renamo. Nunca nenhum Presidente de um partido político falou tão barato como Afonso Dhlakama. Nunca nenhum lidera partidário foi tão criticado publicamente como ele. Será por ciúmes, ódio?
PS: Hoje não pude escrever sobre o pensamento linchador. Amanhã sim. Tive que dar lugar a esses tema.
Comentários
Também vemos num líder que não está preocupado em nada mais que tentar mobilizar uns seguidores, possíveis suicidas pq Dhlakama estará nessa altura em Maputo como tem sempre acontecido, que organizar a própria Renamo duma forma democrática. Onde está a preparacão para o congresso? Porque esses encontros não dão um mínimo de sinal de preparacão do congresso?... Muita coisa vem-me da cabeca.
Parece-me concordar com a posição do anónimo, quando suspeita que Dhlakama esteja em conluio com o Poder na destruição da própria Renamo. Alias,interessa saber se ele quer mesmo e Poder ou regalias de um Presidente da Republica, que alias, não está tão longe deles.
O que vemos e uma mãe que perdeu o bebe mas que insiste te-lo no seu ventre.
A renamo, na verdade, não existe. Temo e um grupo que se juntou em torno de uma pessoa, DHL e que que reclama ingloriamente o nome de um partido que sucumbiu; alias, um movimento armado que teima em reclamar paternidade da democracia em Moçambique.
As vezes calar vale ouro.
O que vai acontecer de ora em diante ser bastante decisivo para o seu futuro. E ele sabe-no tão bem quanto ao seu discurso belicista. Quando andre matsangaissa fugia para o mato não avisou. E ele avisa que o pais pode arder caso se verifiquem mais "brincadeiras" da Frelimo, sem que para tal nos mostre e prove o nível da sua preparação com vista a diminuir ou mesmo detectar essas brincadeiras. Será nas armas que ele confia? E onde e que estão estacionados esses militares? Dhlakama sempre gosta de amedrontar! NÃO E ASSIM A POLITICA!
Outro problema de Mocambique é medo, falta de coragem. Eu não percebo que um partido que congrega muita gente, muitos jovens com bagagem, académicos, deixe o Dhlakama a estragar. Muitos desses optam por deixar tudo à vontade do Dhlakama, mas sofrem no coracão. Ninguém quer contestá-lo, forcando à realizacão do congresso, preparando estatutos que transforme o partido mais democrático, elaborando programa de governacão. Saiem corajosos, como os ex-generais da dita junta, os jovens, os académicos que perderam o seu investimento politico, votando por diversas ocasiões pela Renamo e Dhlakama, não dão a cara apoiando-os. É que vemos, muitos que até hoje preferem viver no exílio por causa do Dhlakama.
Para mim, a solucão passa por os renamistas terem coragem e mostrá-lo que ninguém o apoia.
Por acaso eu nunca chego de saber de que generais ele fala, quando os ditos homens da junta apresentam a lista dos seus generais?
O pior da nossa democracia é que não há sondagens periódicas sobre o apoio de militantes dum partido ao líder. A minha hipótese é de que Dhlakama não tenham muito apoio na própria Renamo.
Esses "corajosos" que o enfrentavam não são necessários para a "prosperidade" da Renamo de Dhlakama.
Ele quer malta:
Viana Magalhães, que apesar de ser Vice Presidente da AR nada diz e outros que você bem conhece. Os outros "acadêmicos" são puramente humilhados.
mutequia@yahoo.com.br
Claro que tb foi para ler novos comentários.
O problema de DHL e a sua inaptidão e consequente resistência em adaptar o discurso democrático. Desde 1992 a 2007, já passam 16 anos. Esperavamos ve-lo dominar os principais dossiers e assim, influenciar o debate politico nacional. Infelizmente, quando se fala de DHL apenas se critica ou para corrigir o seu discurso!
Mas não a alimento tanto, para não cair em más tentações.