Governantes, Amuletos, Videntes, Fogo...

Ou, a arte de divertir
Estou de volta. Doença, aqui, doença acolá; férias aqui e acolá. Nomeações aqui e acolá. Estou de volta.
Os últimos sete dias foram para mim, dias de total inércia. Andei bastante longe dos computadores, da internet, do Rádio e Televisão.
A única coisa que vi e ouvi foi o incêndio do Ministério da Agricultura, acontecido na última sexta feira, 25 de Maio. Vi chamas, três andares a arderem, 58 seriamente danificados e mais de 70 afectados pelo fogo, em que o Gabinete do Minstro e da Vice-Ministra, ficaram completamente danificados; em cinzas, inaproveitáveis!
Mais tarde vim aperceber-me que, na verdade, aquilo que vi não passava de um sonho; pura alucinação. Na verdade, não houve incêndio. Tentaram, os oficiais do Governo, convencer-me que "não houve absolutamente nenhum acontecimento que pudesse por em causa o cumprimento dos programas do Ministério", para além da Direcção Nacional da Pecuária, cuja base de dados epidimiológica, ficara "danificada" e nunca queimada. Mais tarde, passadas duas horas de tempo, vi, Erasmo Muhate, Ministro da Agricultura a chegar, vindo de Chimoio, onde integrava a comitiva do Presidente da República, em digressão pelo país.
Instado a tecer algumas considerações, Muahte limitou-se a dizer-me o que também estava a ver: "estou a ver o prédio a arder. E nós vamos tentar entrar para ver o que se passa".
Três, foi o número de feridos, não graves, que o incêndio provocou. Receberam tratamento no local. Os bombeiros do Corpo Nacional de Salvação Pública chegaram ao local sete horas; uma hora e meia, após a deflagração do incêndio. Chegaram tarde, com um camião cheio de água. Chamam a esse camião de Camião Cisterna. Mas o incêndio acontecia no terceiro, quarto e quinto andares. Ninguém tinha chaves da entrada principal. Os bombeiros não tinham meios de lançar a água até os respectivos andares. Aí, tiveram que esperar pelos Bombeiros da Mozal, Aeroportos de Moçambique e do Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, que, em pouco tempo, debelaram o fogo, com recurso a meios mais sensatos.
À noite do mesmo dia, mais uma vez o Governo reitera: o incêndio não vai comprometer o cumprimento das metas e objectivos de governação.
Todavia, sabemos que foram 58 gabinetes queimados. Mais de 200 pessoas estão neste momento sem trabalho; aliás, não sabe como vão trabalhar. Não têem meios de trabalho. Sabemos igualmente que os Gabinetes mais importantes, onde se tomam decisões, ficaram em cinzas. O Minintro e a sua Vice trablham em lugares improvisados. Estamos portanto, no quinto dia desde que o Ministério incendiou. Sabemos por outro lado que o incêndio aconteceu numa altura em que as contas do Ministério estavam em auditoria.
Do Inquérito
O Conselho de Ministros criou uma Comissão de Inquérito para apurar as razões do incêndio. Mais uma comissão, composta por quadros seniores do actual executivo, quer saber as causas que estiveram na origem daquela desgraça. O que me irrita nisso tudo é que as comissões fazem seu trabalho. E o resultado desse trabalho é amiúde, um autêntico deixa-andar. Sempre que uma desgraça nos bate a porta, há sempre uma comissão para apurar as causas. Será que a responsabilidade política de quem as nomea esgota-se apenas nesse mesmo acto? Quando se apuram as causas duma desgraça, não mais se responsabiliza os causadores da mesma?
Quando foi do erro humano, nas explosões do paiol, nenhum "HUMANO" foi apontado e responsabilizado. Até parecia que se tratava de um extra-terrestre que, sorrateiramente foi mexer as armas, ateou o fogo e fugiu para o firmamento! Desta vez, teremos mais uma comissão a revelar factos para simplesmente sabermos, sem no entanto, esperarmos por algumas consequências práticas dos negligentes responsáveis por aquela desgraça.
Parece-me urgente interpelarmos o deixa-nadar (sim, deixa, salve-se quem puder!), do nosso timoneiro da nação. Ele precisa de agir, punindo os maus e recompensando os bons. Até hoje, uma coisa que se diga: Guebuza conseguiu estatizar o seu partido. Quanto a Governação,
..hiiiiiiiii.
Como disse Salomão Moyana, no seu último editorial, Guebuza precisa de um curandeiro para lhe antecipar azares.

Comentários

Laurentina disse…
Ahahahahahahahahahahahah, Egídio esta tua reflexão sobre o que realmente aconteceu ao Ministerio da agricultura e a postura governamental sobre o assunto está o máximo 5 estrelas para os irresponsáveis que nos desgovewrnam ...mereçem palmas das bravas !!!
Sim senhor ha que ver a banda a passar ...


Beijão grande
chapa100 disse…
egidio! nao esta na hora de contractar a AMETRAMO e Igreja Reino para reforcar a policia, a procuradoria e o parlamento?
Egidio Vaz disse…
Laurentina,
É sempre assim. Já que nomearam a sua Comissão para apurar as causas, maisninguém deve falar sobre o incêndio, porque a comisão ainda não "revelou as causas".
Todos os que tentarem o fazer, serão rotuldos de "instigadores a violência, rumor e difamação das insttituições".Por isso, aqui em Maputo, esse assunto já passou. Não é tema de debate. É assunto para esperar a Comissão revelar.
Chapa 100:
Salomão Moyana já propós um ou uma curandeira para o PR. Provavelmente fosse importante pensar-se nisso.

Mensagens populares deste blogue

Gwaza Muthini, na forma como a conhecemos hoje é um BLUFF HISTÓRICO.

Três opiniões diferentes sobre o TSEKE