Mentiras

DEMARCAÇÃO DE TALHÕES PARA VÍTIMAS DAS INUNDAÇÕES EM MUTARARA
Um total de 2.500 talhões foram demarcados para a construção de casas em Mutarara, um dos distritos mais afectados pelas recentes cheias na província de Tete. A equipa de demarcação dos terrenos está a trabalhar a um ritmo que permite a conclusão do processo dentro de uma semana.

Fica feio para a reputação da nossa televisão, mentir dessa forma. Em Mutarara não se demarca nada. Não há demarcação de terreno nenhum. A terra ocupa-se de acordo com a ordem de chegada. Aliás, até na vila sede do Distrito, não existe nenhum processo de talhoamento, muito menos um programa de urbanização consequente. As casas erguem-se de acordo com a vontade dos respectivos proprietários. O comércio informal, o único, é que campeia e floresce. Os preços de produtos de primeira necessidade sobem e descem de acordo com a escassez.

A licenças para o exercício de actividades comerciais são emitidas à sommbra de uma chijangwa (garrafa de coca-cola cheia de aguardente de primeira).
Mutarara está há mais de 40 dias sem sinal da
TVM, o únco que lá chega. A antena retransmissora lá montada, há mais de um ano que não se repara. Está avariada. Como alternativa, o povo teve que erguer bem alto as suas antenas receptoras para apanhar o sinal emitido pela antena retransmissora de Morrumbala, distrito zambeziano com o qual faz fronteira.
A energia chega sim. É de boa qualidade. Mas não há nenhum esforço de regulá-la. As cobranças são ilícitas. Incluem-se taxas de lixo nas facturas de energia, mas não há nenhuma instituição encarregue para recolhê-lo. Aliás, em Mutarara não há lixeira. O lixo surge, espalha-se e desaparece. O pior, esse, ou se deita no rio Zambeze, essa lixeira benevolente que carrega água usada para os Mutararenses beber, cozinhar e lavar (tudo no rio) ou enterra-se, principalmente quando se trata de restos de boa comida. Para não provocar feitiçaria.
Mutarara está sem água canalizada desde o tempo colonial. Para não ser maldoso, há fontanárias, mas todas avariadas. A herança colonial, em termos de edifícios construídos, foi de não mais de 200 casas de alvenaria, apenas na sede Distrital. Agora ergueram-se cogumelos de betão, sim, casas, mas sem estrutura sólida que garantam segurança e longevidade para os seus donos. Não há arruamento, sim. Mutarara cresce ao ritmo chiquelenístico.
Nisso sim, a
TVM prestou um mau serviço. Mentiu ao público. Claro que a notícia era para os citadinos, pois os Mutararenses, esse nunca poderão testemunhar essa grosseria. Não há sinal da TVM em Mutarara. Mintam à vontade.

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