Suplício Político
Ultimamente, o Primeiro Secretário do Partido Frelimo em Sofala, Lourenço Bulha, encontrou uma bela forma de mostrar serviço, principalmente no que tange com a angariação de mais membros para a sua formação. Melhor do que isso, interessa ver a forma como esses "novos" membros se apresentam ao público.
Parece que Bulha está decidido a decapitar a oposição política em Sofala. Pela terceira vez consecutiva, Bulha organiza comícios e apresenta os "ex-membros" que ora se filiaram a Frelimo. Na última sexta feira não foi tão diferente. Talvés dizer que a magnitute desse "tsunami" atingiu o âmago do Partido para Paz, Democracia e Desenvolvimento, PDD. É que, uma das mais carismáticas membros daquela formação e por sinal, membro da Comissão Política, Maria da Conceição Frechaut, acabou de se entregar ao seu "pai", Frelimo. De acordo com o discurso da sua apresentação pública, Frechaut diz ter regressado à sua casa de sempre, e que o interlúdio de 2002-2006, tempo que esteve no PDD, não passou de um perca de tempo, aliás, como ela prória reconhece, estava perdida.
Frechaut diz que se aliou a Frelimo porque também quer combater a pobreza absoluta. E, para tal, não basta apenas ser cidadão empenhado na resolução de problemas pessoais. É igualmente importante ser-se da Frelimo. Para naturalizar a sua chegada á Frelimo, ela nega que se trate de uma dissidência. Fala de regresso, pois já lá esteve em 1978.
No mesmo dia, Lourenço Bulha apresentou mais dois antigos membros da Renamo, nomeadamente António Mouzinho e Tomás Abraão, dois antigos guerrilheiros da Renamo que outrora, portanto, em 1966, também foram, membros da Frelimo.
Justificam o seu regresso como sendo resultado do sofrimento. Para eles, na Renamo não havia futuro e, acham que a Frelimo pode lhes ajudar a resolver seus problemas pessoais. Em suma, estão cansados de sofrer por serem da Renamo.
Dois aspectos saltam à vista aqui. Primeiro, é a quase homogeneidade dos discursos apresentados pelos novos membros da Frelimo. Dá-me a sensação de que, ou são os membros coagidos a ler algo predefinidamente elaborado; daí obserarmos essa homogeneidade (lembre-se do Dr Matique, Director do Centro de Documentação da UEM, que também disse o mesmo-na Renamo não há futuro), daí esse suplício todo; ou são as pessoas que assim preferem se apresentar, verdadeiramente interessadas por ganhos materiais que possam advir da sua apresentação pública como membros da Frelimo.
Segundo, de uma ou de outra froma, acho essa maneira de apresentar antigos membros dos partidos da Oposição bastante problemática, por dois motivos:
Primeiropor criar-se a senção de que a Frelimo está a ficar cheia de dissidentes de outros Partidos da Oposição, sem no entanto garantir-se a qualidade dos membros. Esta noção descamba numa outra suspeita, a de que a Frelimo, na verdade é um dos mais fracos partidos políticos que temos em Moçambique, na medida em que, primeiro, usa a chantagem (privação de bens de consumo no sentido geral do termo), para angariar membros.
Não se percebe, por isso, que num país com mais de 9 milhões de cidadãos em idade activa (mais de 18 anos de idade), a Frelimo tenha menos de dois milhões de membros. Renamo, PDD e o resto tenham igualmente ao todo, menos de milhão e meio de membros, ficando assim, um "mato eleitoral" de mais de 6 milhões decidadãos activos não declarados como sendo membros de algum partido, por convencer e apresentar publicamente. Não me digam que sejam automáticamente simpatizantes!
A mesma linha de pensamento se aplicaria ao analisarmos os resultados das últimas eleições, onde claramente notou-se que a Frelimo não conseguiu ter mais votos do que os de 1999, estando a única diferença, o facto de a Oposição não ter cativado mais votos.
Não é no todo mau que Bulha appresente os novos convertidos. É contudo importante dar a entender que, para além dos "membros de partidos da oposição cansados de sofrer" existe um grande "mato eleitoral por desbravar e semear".
Esticando ainda mais a corda, podemos maldosamente chamar Bulha de um opescador no aquário, para além, claro, de chantagista, na medida em que limita-se a perscrutar à volta dos quantiais políticos vizinhos, em vez de buscar e convencer a maioria da população sofalense, que permanence à margem deste festival político da Frelimo.
Parece que Bulha está decidido a decapitar a oposição política em Sofala. Pela terceira vez consecutiva, Bulha organiza comícios e apresenta os "ex-membros" que ora se filiaram a Frelimo. Na última sexta feira não foi tão diferente. Talvés dizer que a magnitute desse "tsunami" atingiu o âmago do Partido para Paz, Democracia e Desenvolvimento, PDD. É que, uma das mais carismáticas membros daquela formação e por sinal, membro da Comissão Política, Maria da Conceição Frechaut, acabou de se entregar ao seu "pai", Frelimo. De acordo com o discurso da sua apresentação pública, Frechaut diz ter regressado à sua casa de sempre, e que o interlúdio de 2002-2006, tempo que esteve no PDD, não passou de um perca de tempo, aliás, como ela prória reconhece, estava perdida.
Frechaut diz que se aliou a Frelimo porque também quer combater a pobreza absoluta. E, para tal, não basta apenas ser cidadão empenhado na resolução de problemas pessoais. É igualmente importante ser-se da Frelimo. Para naturalizar a sua chegada á Frelimo, ela nega que se trate de uma dissidência. Fala de regresso, pois já lá esteve em 1978.
No mesmo dia, Lourenço Bulha apresentou mais dois antigos membros da Renamo, nomeadamente António Mouzinho e Tomás Abraão, dois antigos guerrilheiros da Renamo que outrora, portanto, em 1966, também foram, membros da Frelimo.
Justificam o seu regresso como sendo resultado do sofrimento. Para eles, na Renamo não havia futuro e, acham que a Frelimo pode lhes ajudar a resolver seus problemas pessoais. Em suma, estão cansados de sofrer por serem da Renamo.
Dois aspectos saltam à vista aqui. Primeiro, é a quase homogeneidade dos discursos apresentados pelos novos membros da Frelimo. Dá-me a sensação de que, ou são os membros coagidos a ler algo predefinidamente elaborado; daí obserarmos essa homogeneidade (lembre-se do Dr Matique, Director do Centro de Documentação da UEM, que também disse o mesmo-na Renamo não há futuro), daí esse suplício todo; ou são as pessoas que assim preferem se apresentar, verdadeiramente interessadas por ganhos materiais que possam advir da sua apresentação pública como membros da Frelimo.
Segundo, de uma ou de outra froma, acho essa maneira de apresentar antigos membros dos partidos da Oposição bastante problemática, por dois motivos:
Primeiropor criar-se a senção de que a Frelimo está a ficar cheia de dissidentes de outros Partidos da Oposição, sem no entanto garantir-se a qualidade dos membros. Esta noção descamba numa outra suspeita, a de que a Frelimo, na verdade é um dos mais fracos partidos políticos que temos em Moçambique, na medida em que, primeiro, usa a chantagem (privação de bens de consumo no sentido geral do termo), para angariar membros.
Não se percebe, por isso, que num país com mais de 9 milhões de cidadãos em idade activa (mais de 18 anos de idade), a Frelimo tenha menos de dois milhões de membros. Renamo, PDD e o resto tenham igualmente ao todo, menos de milhão e meio de membros, ficando assim, um "mato eleitoral" de mais de 6 milhões decidadãos activos não declarados como sendo membros de algum partido, por convencer e apresentar publicamente. Não me digam que sejam automáticamente simpatizantes!
A mesma linha de pensamento se aplicaria ao analisarmos os resultados das últimas eleições, onde claramente notou-se que a Frelimo não conseguiu ter mais votos do que os de 1999, estando a única diferença, o facto de a Oposição não ter cativado mais votos.
Não é no todo mau que Bulha appresente os novos convertidos. É contudo importante dar a entender que, para além dos "membros de partidos da oposição cansados de sofrer" existe um grande "mato eleitoral por desbravar e semear".
Esticando ainda mais a corda, podemos maldosamente chamar Bulha de um opescador no aquário, para além, claro, de chantagista, na medida em que limita-se a perscrutar à volta dos quantiais políticos vizinhos, em vez de buscar e convencer a maioria da população sofalense, que permanence à margem deste festival político da Frelimo.
Comentários
Que bom.
E quanto ao post de hoje ...claro , vira casacas há em todo o lado.
O pessoal que milita nos partidos pertence a duas categorias
categoria 1-idealistas
categoria 2-oportunistas.
Quanto aos da categoria 1- levam algum tempo a cansarem-se delevar na cabeça ...
Os da categoria 2-esses aí nunca se cansam de comer na mangedoura . É que na mangedoura vai havendo sempre "que comer"...
beijão grande
Entretanto, penso que essas deserções vão dando a sensação de que ela é a mais forte - tenho em mim que política é ilusão porque baseada em percepções.
Se eu fosse dirigente de um partido político iria aplicar a estratégia de Fidel Castro Ruz: quando os americanos começaram a abrir suas fronteiras para dissidentes cubanos, Castro na maior naturalidade disse aos seus cidadãos que quem quisesse ir aos Estados Unidos estava livre, e que estava também a mandar agentes da secreta cubana em cada barco que saía de Havaba para Flórida. Os americanos fecharam logo as fronteiras e reverterm a sua política não fosse que um espião pisasse o solo norte-americano.