Política à Moçambicana

- André Matsangaíssa imortalizado na Beira

A Cidade da Beira, através da sua Assembléia Municipal acaba de imortalizar o fundador da Renamo, André Matadi Matsangaíssa, morto em combate na Serra de Gorongoza, a 17 de Outubro de 1979.

É que a principal praça de Munhava, um Bairro populoso da periferia da Cidade e bastião da Renamo, acaba de ter o seu nome. Já não se chama Praça da Munhava como antes, mas sim Praça André Matsangaíssa.

De acordo com o Jornal Zambeze, mais praças poderão ostentar outros nomes considerados pela actual historiografia política, por reaccionários. Fala-se por exemplo de Urias Simango e sua esposa, Celina Simango e Carlos Cardoso, nomes que também poderão ser atribuídos a várias praças naquela Cidade. É a história da oposição. A Frelimo ajoelhou-se aí. Sem formas de contra-atacar. É a ditadura da maioria parlamentar.

- Que Coisa ruim essa, oh, Manuel Tomé!

O chefe da Bancada da Frelimo na Assembléia da República Manuel Tomé esteve muito mal ontem na Televisão de Moçambique, no programa de Tomás Vieira Mário, coadjuvado por Fernando Gonçalves, editor do Jornal Semanário Savana e Rogério Sitoi, director do Jornal Notícias. Foi no porgrama “Com a Imprensa”.

Dentre tantas inverdades e assassinatos jurídicos, Manuel Tomé disse que um Administrador do Distrito deverá, no actual modelo de governação frelimista, ser necessariamente membro da Frelimo, pois, na sua óptica, quem em última instância deverá prestar contas ao eleitorado (e aqui considera todos nós como eleitorado, e não povo, cidadãos, etc) será a Frelimo. Mesma posição tomou em relação à cargos de direcção de empresas públicas. Para ele, todos directores, inclusive chefes de departamentos, e directores de escola, deverão ser pessoas de confiança político-partidária, que é para poder ter-se a garantia de que o programa de governação da Frelimo seja cumprido. Ainda nessa senda, referiu-se que essas pessoas poderão possuir alguma experiência técnica que é para saberem o que fazem. Está claro que se está perante um atropela ao Estatuto Geral dos Funcionários de Estado e toda legislação avulsa que rege esta matéria.

Quando nesse país se fala da partidarização do estado, muitos cientistas sociais e alguns “analistas” contestam tal constatação. Quando se diz que se está perante a frelimização da sociedade, alguns analistas e cientistas sociais não veem mal nisto. Manuel Tomém teve a coragem de transmitir aquilo que o seu partido pensa: que se queremos trabalhar em Moçambique, mas principalmente no Estado, e podermos ter algum cargo de direcção, então deveremos acelerar o nosso processo de filiação partidária, e neste caso, aderindo à ela. Não é por acaso que Almeida Tambara e o resto assim procederam. Quem quer ser da oposição, que seja empresário. Mas não cá em Moçambique. Seja-no na Africa do Sul ou Europa, e faça política cá. Aí sim. Está claro?

Comentários

Anónimo disse…
Assisti o programa, todavia há que esclarecer algo: o cargo de Administrador é nomeado pelo MAE, ouvido ou sob a proposta do Governador. Sendo assim, quem achas que o Governador vai propor: um membro da oposição ou do seu partido no Governo?

A exemplo da administradora da Beira: antes era a Chefe da Bancada da Frelimo na Assembleia Municipal da Beira.

É difícil dissociar-se desta realidade, infelizmente.

Mbuiaesqueva
Egidio Vaz disse…
o problema não reside na proveniência do Governador. O problema reside, isso sim, naquilo que se pode interpretar dessas nomeações. Ou seja, existe um comando legal que regula o comportamento dos administradores (para além, claro das suas tarefas, obrigações etc). Tdavia, quando M. Tomé diz claramente que deve ser político, que para além de administrar, deve igualmente zelar pelos interesses do partido no governo...!?
Imagine então que a Renamo ganhe amanhã. Estás a ver 128 administradores; mais de 100 PCAs e administradores de empresas públicas; directores de escolas e pedagógicos, enfim tdo o aparelho de estado a cair?
É isso que "infelizmente" vê?
Anónimo disse…
Bem, penso que não é necessariamente que administradores, gestores e outros venham dum partido. A obrigacão de quem governa é ver competências e usar racionalmente os quadros. No governo do Chissano, Benjamim Pequenino, mesmo sendo da Renamo, foi PCA dos Correios e o país ganhou muito por isso. No Município de Nacala, há frelimistas na direccão e um dos assessores, Herculano Miguel, é da Frelimo, e, as coisas estão andando muito bem. Por acaso, esta nova exigência de se ser membro da Frelimo para ser director até duma escola, não existia ou não era assim duma forma aberta nos governos do Chissano... Hoje isto é uma realidade.

Noutros países é isto mesmo que se faz. Governadores, embaixadores, podem muito bem ser de outros partidos.

Penso que há pronunciamentos que se devem provar na Assembleia da República, se constituem legais.

Mutequia
Parece me que o Sr Guebuza têm feito um esforcito e tal...não é tão parado como o sr Chissano. Porém, esse é um dos pontos negativos da sua governação...O PARTIDO UNICO.
Estamos a voltar para esses tempos infelizmente.É triste como os kotas não aprenderam com a expriência e teimam em repetir os erros. Domingos Pequenino foi um grande exemplo, Deviz Simango é outro. Mas eles não aprendem!! Preferem optar por escolher escovinhas e lambe botas que sejam do partido a moçambicanos competentes e com força para levar o país avante. Depois não se queixem que têm o partido podre por dentro como está.

O sr Presidente deveria abrir mais os olhos e deixar-se de tanta distancia para com o seu povo. 1000 carros, helicopteros, escoltas infindáveis só lhe deixam isolado e à mercê dos escovinhas dos seus concelheiros. Abra o olho...recrute aqueles que hoje criticam a sua governacao (nao todos claro) porque esses ao menos tem a coragem e frontalidade de apontar o dedo, coisa que os lambe botas não fazem...enfim

Caro EGIDIO, já viste o documentário sobre a Venezuela ? A REVOLUCAO NAO SERA TELEVISIONADA .. ?? O presidente Chavez vai 1x por semana À televisão e atende chamadas dos ouvintes. O sr Guebuza deveria ver, tou a pensar em lhe oferecer para o Natal..

Saudações
Tsin Tsi Va
Egidio Vaz disse…
Tsin tsi,
Não vi o documentário da Venezuela. Mas sei que no Programa "Aló Presidente", Chavez fala com o povo, directamente. Aparentemente, sem sensura alguma. Já acompanhei pela internet uma vez. Agradecia que ne enviasse, ou desse o link. Muito obrigado. Tsin
Anónimo disse…
Egidio...

o filme tem 700mb...Teremos que coordenar outra maneira de trocar essa informação. grossocurto@gmail.com

troquemos ideias
Egidio Vaz disse…
Então tems que combinar mesmo. se calhar, pra me copiar.
Abraços. Eu vou procura-lo

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