Ver Moçambique entre os "portantos" de Aiuba Cuereneia
Mais um debate "Com a Imprensa" foi para o ar ontem na Televisão de Moçambique. Os jornalistas Tomás Vieira Mário, Fernando Gonçalves e Rogério Sitoi estiveram lá para ouvirem o Ministro de Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia. O homem vinha da China, onde acabava de trazer para Moçambique, a presidência rotativa do Banco Africano de Desenvolvimento, BAD.
Quero hoje reflectir um pouco sobre as oportunidades que os nossos líderes fazem questão de desperdiçar, para, em momentos como esses, darem a conhecer aquilo que de facto pensam sobre o país. Dito doutra forma, o que vi e ouvi do Dr Aiuba Cuereneia ontem a noite, dá-me uma forte dose de razão para afirmar que ele não está à altura de responder os desafios que a função lhe incumbe. Ou, sou obrigado a concluir que o Governo é que não tem planos concretos. Explico-me.
Da Estratégia de Desenvolvimento do País
Numa das passagens da entrevista, Tomás Vieira Mário quis saber do Ministro, qual era a estratégia de desenvolvimento que o Governo tinha para o país. Cuereneia respondeu dizendo que era priorizar o distrito como pólo de desenvolvimento e base de planificação. Isso, meus caros é chavão. Ele ainda não tinha respondido nada. Mário insistiu, querendo saber concretamente, qual era então essa estratégia de desenvolvimento rural que tanto se propala.
Cuereneia, para o meu espanto, começou por narrar a nossa recente história económica do país, desde as consequências económicas e sociais da guerra que acabou em 1992, passando pelo processo de reconstrução de infraestruturas, reabilitação social, etc. Daí, falou da reorganização das administrações distritais, do pessoal técnico distrital; da reabilitação de estradas e pontes, da rede comercial, etc. Justificou, dizendo que para a efectivação desse desígnio, era preciso preparar o distrito, dotando-o de capacidades técnicas e infraestruturas apropriadas. Depois, a fase que se seguiu, foi a de dotar os mesmos distritos meios financeiros para gerar riqueza. Daí então os famosos sete milhões de meticais.
Fernando Gonçalves questionou o método usado para se chegar a esse número (7.000.00.00 mt). Cuereneia respondeu dizendo o seguinte: "primeiro, tivemos que ver aquilo que tínhamos para dar; portanto, disponibilidade financeira. Depois, tivemos que dar a todos, a mesma quantia por razões meramente de justiça e equidade".
A medida que as respostas não iam satisfazendo os jornalistas, estes, iam afunilando cada vez mais. Rogério Sitoe voltou a questão do desenvolvimento rural, tendo perguntado qual era, de facto, a política do Governo em relação a matéria. Cuereneia começou por recordar o Conselho de Ministros Alargado aos Administradores e Secretários do Partido Frelimo havido em Maputo, em 2006, onde a grande questão que foi colocada foi: Como produzir comida e gerar emprego? Em resposta a essa questão, Cuereneia disse que o que se decidiu foi que tinha que se potenciar o pequeno agricultor, para que este produzisse mais. Para si e para o mercado.
Estava implícito então, a estratégia do Governo em relação ao desenvolvimento rural. Estava igualmente fora de questão, a priorização da agricultura comercial. Portanto, meus caros, a estratégia do Governo em relação ao desenvolvimento rural é esta: potenciar o pequeno agricultor para que produza para si e para o mercado. Quanto a estratégia do Governo em relação ao desenvolvimento no geral, é: Distrito como pólo de desenvolvimento e base de planificação, que consiste em dar dinheiro ao distrito para gastá-lo em investimentos que gerem renda e emprego. Foi isso o que o Ministro disse.
Quero hoje reflectir um pouco sobre as oportunidades que os nossos líderes fazem questão de desperdiçar, para, em momentos como esses, darem a conhecer aquilo que de facto pensam sobre o país. Dito doutra forma, o que vi e ouvi do Dr Aiuba Cuereneia ontem a noite, dá-me uma forte dose de razão para afirmar que ele não está à altura de responder os desafios que a função lhe incumbe. Ou, sou obrigado a concluir que o Governo é que não tem planos concretos. Explico-me.
Da Estratégia de Desenvolvimento do País
Numa das passagens da entrevista, Tomás Vieira Mário quis saber do Ministro, qual era a estratégia de desenvolvimento que o Governo tinha para o país. Cuereneia respondeu dizendo que era priorizar o distrito como pólo de desenvolvimento e base de planificação. Isso, meus caros é chavão. Ele ainda não tinha respondido nada. Mário insistiu, querendo saber concretamente, qual era então essa estratégia de desenvolvimento rural que tanto se propala.
Cuereneia, para o meu espanto, começou por narrar a nossa recente história económica do país, desde as consequências económicas e sociais da guerra que acabou em 1992, passando pelo processo de reconstrução de infraestruturas, reabilitação social, etc. Daí, falou da reorganização das administrações distritais, do pessoal técnico distrital; da reabilitação de estradas e pontes, da rede comercial, etc. Justificou, dizendo que para a efectivação desse desígnio, era preciso preparar o distrito, dotando-o de capacidades técnicas e infraestruturas apropriadas. Depois, a fase que se seguiu, foi a de dotar os mesmos distritos meios financeiros para gerar riqueza. Daí então os famosos sete milhões de meticais.
Fernando Gonçalves questionou o método usado para se chegar a esse número (7.000.00.00 mt). Cuereneia respondeu dizendo o seguinte: "primeiro, tivemos que ver aquilo que tínhamos para dar; portanto, disponibilidade financeira. Depois, tivemos que dar a todos, a mesma quantia por razões meramente de justiça e equidade".
A medida que as respostas não iam satisfazendo os jornalistas, estes, iam afunilando cada vez mais. Rogério Sitoe voltou a questão do desenvolvimento rural, tendo perguntado qual era, de facto, a política do Governo em relação a matéria. Cuereneia começou por recordar o Conselho de Ministros Alargado aos Administradores e Secretários do Partido Frelimo havido em Maputo, em 2006, onde a grande questão que foi colocada foi: Como produzir comida e gerar emprego? Em resposta a essa questão, Cuereneia disse que o que se decidiu foi que tinha que se potenciar o pequeno agricultor, para que este produzisse mais. Para si e para o mercado.
Estava implícito então, a estratégia do Governo em relação ao desenvolvimento rural. Estava igualmente fora de questão, a priorização da agricultura comercial. Portanto, meus caros, a estratégia do Governo em relação ao desenvolvimento rural é esta: potenciar o pequeno agricultor para que produza para si e para o mercado. Quanto a estratégia do Governo em relação ao desenvolvimento no geral, é: Distrito como pólo de desenvolvimento e base de planificação, que consiste em dar dinheiro ao distrito para gastá-lo em investimentos que gerem renda e emprego. Foi isso o que o Ministro disse.
Das Dificuldades do Ministro
Uma oportunidade como essa, com jornalistas como aqueles, de facto o Ministro não terá mais; pelo menos tão já. Perdeu uma oportunidade de ouro para brilhar, trazendo-nos tudo que pudesse fazer-nos acreditar na viabilidade do programa do Governo. Pelo contrário, o Ministro esforçou-se em nos mostrar a inviabilidade e insustentabilidade de muitas das decisões que o Governo toma. Mostrou-nos também que muitas das deciões tomadas não têm bases empíricas nem científicas.
Como pude compreender, a dotação dos sete milhões de meticais não foi antecedida de estudo algum. Pura e simplesmente reparou-se no que tinha sobrado no cofre do estado e chegou-se a conclusão que sete milhões de meticais dava para distribuir pelos 128 distritos do país.
Pior do que tudo, apercebi-me também que o Governo fez pouco para de facto, tornar o Distrito como polo de desenvolvimento e base de planificação. Para além do chavão, que na verdade, não passa do Sonho de qualquer líder, e nesse caso, um sonho de Armando Guebuza, , o Governo fez pouco. Através das palavras do Ministro, pude aperceber-me que todo o processo de reabilitação do tecido social e económico bem como reabilitação das infraestruturas foi levado a cabo pelo Governo de Joaquim Chissano. Não há memória de ter visto esse trabalho em dois/três anos deste mandato. A única coisa que vi foi a distribuição do dinheiro. Os sete milhões de meticais.
Um outro aspecto preocupante que noto nos nossos ministros é a falta de inspiração própria. Pior, falta de imaginação e ideias claras sobre como desenvolver com sucesso as funções que o Presidente da República lhe incumbiu. A prova disso é que por duas vezes, dois Ministros "grandes" apareceram a defender as suas políticas sectoriais citando palavras do Presidente da República. Aiuba Cuereneia, quando questionado sobre a política do desenvolvimento do país, citou a pergunta feita no Segundo Conselho de Ministros Alargado aos Administradores e Secretários do partido Frelimo: "Como produzir comida e gerar emprego". Essa foi a pergunta feita pelo Presidente da República, no seu discurso de abertura. E, um ano mais tarde, alguém, como o "só Ministro", vem resumir a sua estratégia de desenvolvimento nessa mesma pergunta... Outra ministra foi a Dr Alcinda Abreu, que, quando questionada sobre a política externa de Moçambique, socorreu-se nas palavras do Presidente da República: mais amigos e menos inimigos! Essa e a nossa política externa.
Tenho comigo, a sensação de que a maioria dos nossos Ministros não consegue pensar de forma independente. Pelo mesmo motivo, temo que os mesmos fiquem a espera de "orientações" claras vinda do PR, sem se aperceber que ele já fez a sua parte. Nomeá-lo.
O debate terminou sem que nenhuma das questões feitas tivessem sido claramente respondidas. Próxima quarta feira há mais.
Uma oportunidade como essa, com jornalistas como aqueles, de facto o Ministro não terá mais; pelo menos tão já. Perdeu uma oportunidade de ouro para brilhar, trazendo-nos tudo que pudesse fazer-nos acreditar na viabilidade do programa do Governo. Pelo contrário, o Ministro esforçou-se em nos mostrar a inviabilidade e insustentabilidade de muitas das decisões que o Governo toma. Mostrou-nos também que muitas das deciões tomadas não têm bases empíricas nem científicas.
Como pude compreender, a dotação dos sete milhões de meticais não foi antecedida de estudo algum. Pura e simplesmente reparou-se no que tinha sobrado no cofre do estado e chegou-se a conclusão que sete milhões de meticais dava para distribuir pelos 128 distritos do país.
Pior do que tudo, apercebi-me também que o Governo fez pouco para de facto, tornar o Distrito como polo de desenvolvimento e base de planificação. Para além do chavão, que na verdade, não passa do Sonho de qualquer líder, e nesse caso, um sonho de Armando Guebuza, , o Governo fez pouco. Através das palavras do Ministro, pude aperceber-me que todo o processo de reabilitação do tecido social e económico bem como reabilitação das infraestruturas foi levado a cabo pelo Governo de Joaquim Chissano. Não há memória de ter visto esse trabalho em dois/três anos deste mandato. A única coisa que vi foi a distribuição do dinheiro. Os sete milhões de meticais.
Um outro aspecto preocupante que noto nos nossos ministros é a falta de inspiração própria. Pior, falta de imaginação e ideias claras sobre como desenvolver com sucesso as funções que o Presidente da República lhe incumbiu. A prova disso é que por duas vezes, dois Ministros "grandes" apareceram a defender as suas políticas sectoriais citando palavras do Presidente da República. Aiuba Cuereneia, quando questionado sobre a política do desenvolvimento do país, citou a pergunta feita no Segundo Conselho de Ministros Alargado aos Administradores e Secretários do partido Frelimo: "Como produzir comida e gerar emprego". Essa foi a pergunta feita pelo Presidente da República, no seu discurso de abertura. E, um ano mais tarde, alguém, como o "só Ministro", vem resumir a sua estratégia de desenvolvimento nessa mesma pergunta... Outra ministra foi a Dr Alcinda Abreu, que, quando questionada sobre a política externa de Moçambique, socorreu-se nas palavras do Presidente da República: mais amigos e menos inimigos! Essa e a nossa política externa.
Tenho comigo, a sensação de que a maioria dos nossos Ministros não consegue pensar de forma independente. Pelo mesmo motivo, temo que os mesmos fiquem a espera de "orientações" claras vinda do PR, sem se aperceber que ele já fez a sua parte. Nomeá-lo.
O debate terminou sem que nenhuma das questões feitas tivessem sido claramente respondidas. Próxima quarta feira há mais.
Comentários
como transformar o discurso, as nossas intervencoes em instrumentoso didacticos para quem ouve ou precisa de nossos instrumentos de governacao para orientar-se, buscar perguntas dentro de respostas. como dizer aos nossos governantes que a sua fala é um instrumento importante de orientacao social, politico, economico. a bussola para muitos actores sociais.
este é um desafio, para nossa classe politica.
Agora a escolha do Cueraneia não é difícil de entender que é uma farsa, porque se aquilo que se propala que ele é o delfim de Guebuza fosse verdade, ele, o Cueraneia, devia-se ver como um possível sucessor de Guebuza. Isso não me parece e a pergunta é, qual é a funcão real de Aiuba Cueraneia? Eu faco como especulacão: namorar votos no maior círculo eleitoral - Nampula.
Eu vejo no governo de Guebuza desastroso. É um governo que se preocupa em poder, em voltar ao monopartidarismo com uma falsa democracia, que lutar por desenvolvimento. Eu pessoalmente acho que Joaquim Chissano teve nos seus governos pessoas, que aos olhos do cidadão comum, podiam ser seus sucessores a qualquer momento. Eu acho que a Luísa Diogo até era mais respeitável e presidenciável no governo do Chissano que neste do Guebuza e só pergunto-me a mim mesmo. Veja-se que eu também me lembro dos piores ministros do Chissano e a fraqueza deste qd nunca demitia os incompetentes... Mas Guebuza precisa de virar as atencões.
AA
EU CONSIDERO QUE É URGENTE SOLIDARIEDADE COM O BOLG PORTUGAL PROFUNDO AGORA , JÁ ...COLOCANDO UM BANNER NOS NOSSOS BLOG'S "EU SOU LEITOR DIARIO DO PORTUGAL PROFUNDO"...
FICA Á TUA CONSIDERAÇÃO...
PORTUGAL ESTA A AFUNDAR!!!
BOM FIM DE SEMANA
BEIJÃO GRANDE
Eu acho que o Ministro não esteve bem.Nem acredito que tenha sido aquilo que disse, o verdadeiro plano do Govevrno para o seu povo.
JJM
-Muito bem dito, caro JJM. Tem sido igual,mente esse o meu pensamento, apesar de estar receoso quanto á capacidade de resposta do nosso Governo. Veja que até agora, o Ministro do Comércio lança apelos " PARA ENCONTRARMOS ESTRATÉGIAS DE LIDAR COM A INTEGRAÇÃO ECONÓMICA DA ÁFRICA AUSTRAL"?! Significa que até agora, ainda não temos nada; nenhuma estratégia econónmica! Triste.
Desculpe por respondê-lo tarde,
É que, na verdade, ando pelos distritos e o trabalho é tão intenso que não consigo dar conta de todos recados.
Mas gostaria de chamá-lo à atenção de um aspecto: o seu ponto de partida é demasiado optimista. Acreditar que O governo DE Moçambique possui uma estratégia para lidar com integração regional. É bastante problemático, principalmente para uma pessoa como eu, que andou a procura dessa "estratégia" no local apropriado: Ministério de Indústria e Comércio, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ministério dos Transportes...
Eu não vi nada, a não ser dum conjunto de dizeres estranhos à integração regional.
Em Moçambique, nenhum Ministro, e especialmente o da indústria e comércio e dos transportes ou negócios estrangeiros veio a público dizer o povo de moçambique sobre aquilo que o Governo pensa em relação a integração regional. Ora, se o Chapa 100 conhece essa estratégia, por favor, não me esconda, PARTILHE COMIGO!
quando foi lancado o made in mocambique, nao aproveitou-se isso para divulgar e provocar debate sobre os contornos da integracao regional. e isso é por culpa do governo.