Curiosidades de Accra, Ghana

Estive recentemente (semana passada) em Accra, Ghana. Lá fui conhecendo uma e outra coisa. Mas ficou na retina e memória, duas coisas importantes:

1. Ghana, com mais de 50 anos de independência, continua a ser um país onde o debate de ideias, o espaço e debate públicos são bem vivos e saudáveis. Todos os seus 3+ canais televisivos iniciam as suas edições matinais com uma das seguintes rubricas: (a) revista de imprensa - Ghana tem mais de 30 jornais diários impressos, para além de electrónicos e um número que não me recordo de semanários. A maioria desses jornais tem sua própria gráfica para imprimir jornal e um domínio de internet independente; (b) programa matinal (breakfast show) onde debate-se o "estado da nação". Contráriamente ao nosso, o estado da nação ghanês "normalmente não está bom". Há sempre um e outro aspecto por melhorar ou aprimorar. O debate deste estado da nação, leva nada menos que 2-3 horas, com convidados de todos os sectores da sociedade. Pel menos lá, os deputados de tods as bancadas falam por sua conta e risco e sempre que começam a falar põem claro em nome de quem estão a fazê-lo e (c) análise da imprensa, comentário do que se escreveu na imprensa e como se procedeu; uma espécie de motitoria permanente das ditames deontológicos. Estamos a falar de um país com mais de 50 anos de independência.

2. O debate sobre os heróis não acabou. Aquando da minha estadia, estava ao rubro o debate sobre a heroicidade de Kwame Nkrumah, fundandor da nação ghanesa: vejam o que é possível em um país democrático! Há um consenso de que Nkrumah foi sim o libertador da pátria, Primeiro Presidente de Ghana Independente e inspirador das gerações. Porém, a sua política socialista dos anos 60 e a purga feita aos seus detractores no "auge do socialismo" - à semelhança de outras "colónias socialistas" - é até hoje revisitada e alimenta em grande o debate sobre o impacto do legado dos "nossos heróis" nas nossas vidas de hoje.

Enquanto que aqui, quando se pergunta a um Ministro,  perante as câmaras de TV onde (lugar exacto) é que Mondlane morreu, ele fica visivelmente nervoso e não consegue responder! Quando se escreve algo que questiona a actual versão sobre os verdadeiros anos do Partido Frelimo, alguém diz é debate falso e logo cataloga os seus promotores!  Mas noutros países africanos, este debate ocorre; não para denegrir a imagem dos heróias, antes pelo contrário, para sim buscar consensos fortes sobre a personalidade que se pretende venerar ou reconehcer. E o mais interessante é que o recém-eleito presidente instituiu ou vai propor a Assembléia da República a instituição do dia 24 de Fevereiro (dia em que o Governo de Nkrumah caiu, golpeado) como como a data do Ossagyefou Kwame Nkrumah. E nisto, há um forte consenso que Ele foi sim o fundador da nação juntamente com os outros Big 5.

Por últmio, uma curiosidade:

No Mausoleu de Nkrumah, há um grande jardim com várias árvores plantadas por várias personalidades que pisaram aquele solo desde 1957. Uma destas árvores foi plantadas por Robert Mugabe, Presidente da República do Zimbabwe, que em Julho de 2007, aquando da Cimeira da União Africana, plantou lá uma árvore. Só que ela não desenvolve; não cresce. Os jardineiros asseguraram-me que ela é regada todos os dias como as outras. Porém, quatro meses antes passaram por lá o filho de Marcus Garvey e Jesse Jackson que também plantaram a sua. As imagens abaixo falam por si. Comparem as árvores e o seu estado de Desenvolvimento. Cá por mim, estive a pensar: será que é mais uma vez a mão dos ocidentais que não faz crescer a árvore de Mugabe ou foi por instigação de Gordon Brown, primeiro-minitro britânico que oficiais Ghaneses tiveram que oferecer a Mugabe, uma planta difícil de crescer!?



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