No encalço de Dhlakama
Escrevo-vos de Nampula, cidade que Afonso Dhlakama, líder da Renamo, escolheu para se refugiar das constantes investidas de analistas políticos e órgãos de comunicação social maputenses, sedentos em saber do que está acontecendo com ele e qual o rumo que pretende dar ao partido que liderou ao longo destes anos todos, a Renamo.
Sim, ele anda por aqui. Já pude ver a casa onde oficialmente mora na cidade de Nampula. Mas, cedo soube que não andava por ai. Disseram-me que tinha ido ao distrito de Mogovolas que dista a 71 km da cidade de Nampula. Eu, que também estava de malas aviadas para lá, em missão de serviço, aproveitei a oportunidade para lá ir ver in loco o trabalho que este político está a levar a cabo.
Qual minha desilusão! Para além de EU ter dormido ao relento, pelo facto de a comitiva de Afonso Dhlakama ter ocupado quase todos os quartos das poucas casas de hospedagem alí existentes, nada mais via senão zunzuns (ou rumores) de que "ele está aí denntro (recordem-se da pronúncia macua; daí o n a mais)" ..."ainda não saiu, mas vai sair"! Eram pessoas que, rodeando a casa em que hospedou, procuravam a todo custo vê-lo. Pensavam que haveria comício. Nope.
Primeiro, segundo e terceiro dias foram assim. Para logo depois saber que afinal, Afonso Dhlakama saira para mais o interior do Distrito. Mogovolas tem 5 postos administrativos dos quais visitei três, coincidentemente os que na vila de Nametil, se dizia terem sido os postos que Ele teria se dirigido.
Qual meu engano. Também não estava lá.
Dhlakama anda fugitivo aqui em Nampula. Não passeia. E, com a visita do Presidente da República Armando Guebuza, ele só deve andar arrependido por ter escolhido Nampula como lugar para repousar. Tudo aqui anda tão frelimizado do que se pode imaginar; da forma politizada como está, estão todos funcionários públicos e dirigentes do estado ao alvoroço.
Todos os dirigentes andam azafamados, tentando arrumar dossiers e mentir onde não encontrarem justificações plausíveis para o fracasso da implementação dos planos aprovados. Por isso, e por exemplo, as ruas de Nametil, da cidade de Nampula e a estrada que dá acesso a Mogovolas estão sendo resseladas. Em relação a estrada que vai a Nametil, as máquinas de terraplanagem estão lá, a roçar o chão duro; os cilindros a tentar calçar a corrupção e todos espíritos (deixa-andar, por exemplo). E Dhlakama não tem audiência, porque todo o povo está atarefado.
No Dia Mundial de Malária por exemplo que foi sábado passado, as cerimónias centrais de Nampula tiveram lugar em Nametil, coincidentemente Dhlakama estava lá. Mas não saiu do quarto onde estava. Apenas vi os seus três carros 4x4 a andarem com bandeira da Renamo empunhada. Também passaram despercebidos. Ele não realizou nenhuma reunião desde que chegou a Mogovolas. Muito menos na Cidade de Nampula.
Talves realize-as depois da Presidência aberta de Armando Guebuza. Por ora, é tempo para o velho descansar.
Abraços e até mais ver.
De Nampula,
Egídio Vaz
Comentários
É para pena primeiro para ele que entendeu vender a democracia multipartidária.
Como se pode perceber, afinal ja é seu refrao de todas as cantilenas que cantou, canta e cantara, aguarda apenas para dizer que "fomos roubados".
Tristemente vemos a derrocada de um homem que, sabendo entregar as pastas a tempo, ao menos sairia da arena politica com a gloria dos seus feitos aquando da Assinatura dos Acordos de Paz. Pobre homem!!!
Essa é a democracia que Dhlakama sempre "sonhou".
E va mandando mais noticias boas.
Aquele abracao de sempre.
I Chire
Abraços e até breve.
Mutisse
Os membros da sua guarda; a dita guarda presidencial, andam todos velhinhos e com acentuados problemas de vista. Pioram quando usam óculos escuros, que de binóculos nada têm. Mesmo os ditos homens armados de Maríngue; alguém que vá la vê-los: todos velhos e agora preocupados em acomodar os interesses dos seus filhos e netos. Por isso acho barato e muita politiquice pensar num Dhlakama belicoso; capaz de movivementar um provável conflito armado. Ele nao tem mais quem lhe acredite.
É o fim de um homem. E o tempo não volta e espera. AGora é tempo dos outros.
Afro
M
Boa noticia, embora cheia de juizos de valores e contra as normas da escrita jornalistica. Bom, entende-se, visto que nao se sabe do tipo de relacoes que vos caracterizam. Se calhar, a guerra que o ex-BA promoveu nesses 16anos deixou-lhe marcas indeleveis, por ter sentido na pele ou por um motivo qualquer, mas seja como for a informacao chegou.OBRIGADO