Discursos de Abertura da II Sessão Ordinária da VIII Legislatura da Assembleia da República. Teve início hoje a II sessão da AR.

Gostei do que ouvi.
Em termos de discurso, duas surpresas: O Discurso da Deputada Margarida Talapa, chefe da bancada da Frelimo. Foi, quanto a mim, o primeiro discurso bem-conseguido daquela dirigente, desde que a conheço naquela qualidade.
Não foi o melhor em termos de ideias políticas. Não necessariamente. Mas exercitou pela primeira vez a lógica e a coerência discursiva. E defendeu algumas ideias das quais cito de memória:
1-Que a Frelimo é pela Paz e a prova disso é que tem vindo a acomodar e a ceder as exigências da Renamo desde 1992. Citou o conflito recente e a consequente produção legislativa.
2-Apontou para o diálogo como único caminho para a solução e reiterou a prontidão da sua bancada em contribuir para este efeito.
A outra surpresa foi o MDM. A bancada do MDM foi clara, directa e contundente em relação aos pontos pelos quais irá se bater nesta sessão: na proposta da revisão da constituição, ela irá defender a redução dos poderes do PR, que na sua óptica são excessivos; uma saída ao actual imbróglio político através de engenharias políticas transitórias e depois definitivas (eleição de governadores pela Assembleia Provincial) e apartidarização das instituições públicas. Nada mais claro! E para fechar, denunciou a "privatização do diálogo político".
O discurso da Presidente Verónica Macamo e da Ivone Soares foram os melhores para mim, apesar do tom diametralmente oposto.
A Presidente Verónica Macamo comportou-se como mãe, conselheira e acima de tudo, anciã. Gostei o tom reconciliador, dos apelos ao decoro e à critica bem-feita e do papel da AR na promoção da Paz.
Se os discursos da Deputada Talapa enervam pela adjectivação excessiva, o da Presidente Macamo exageram no elogio ao governo. Até parece que a presença do governo é favor ou tão insigne. Mamã Presidente, aqueles governantes estão aliás para através de vocês, prestarem contas a nós. Modere nos elogios, que o seu discurso é será mais persuasivo.
Por fim, mas o mais importante discurso, o da Ivone Soares. Ah sim, ele foi o melhor, por várias razões.
Soube abrir, soube fechar e acima de tudo, conseguiu manter a atenção da audiência. Não é de qualquer maneira que se pode falar durante mais de cinco minutos, lendo um discurso e manter as pessoas atentas (tanto os pró como os contra).
Talvez porque neste momento, em todo território nacional, existem duas palavras que despertam atenção até aos atrasados mentais: PAZ e DHLAKAMA. E a Ivone repetiu-as 14 e 8 vezes respectivamente. Elas estiveram distribuídas equitativamente ao longo de todo texto. Parabéns comunicóloga.
A lição que se pode tirar é que a preparação é fundamental. E está claro que todos se preparam bem para os discursos inaugurais. E, pôde sentir o tacto jornalístico no discurso da Mamã Presidente; alguma ciência no discurso da Ivone; alguma coerência no da Deputada Talapa e clareza no do Eng.Lutero Simango.
Parabéns e bom trabalho.
PS: Para alguns este texto não está ainda claro. À boa maneira moçambicana, aqui vai o Ranking
1-Ivone Soares, Renamo.
2- Presidente Verónica Macamo, AR
3-Lutero Simango, MDM
4-Margarida Talapa. Mesmo em quarto lugar, é para mim quem mais se superou neste discurso inaugural. Parabéns.

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