Etnocentrismo
De acordo com Paulo Silvino Ribeiro (2012), etnocentrismo é um conceito
antropológico. O etnocentrismo ocorre quando um determinado indivíduo ou grupo
de pessoas, que não têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro,
julgando-se melhor ou pior, seja por causa de sua condição social, pelos
diferentes hábitos ou manias, por sua forma de se vestir, ou até mesmo pela sua
cultura. Este conceito possui outros afluentes tais como sociocentrismo.
Similar ao etnocentrismo, o sociocentrismo manifesta-se quando um grupo social
ou étnico se acha superior que o outro ou quando considera seus hábitos e
manias e interesses e preocupações superiores aos outros.
Vem este longo intróito a propósito do debate que tem circulado na imprensa,
nos cafés e nos demais espaços públicos a cerca do crescente custo de vida dos
moçambicanos, especialmente dos grandes centros urbanos com particular destaque
Maputo.
Então, com o despoletar da “crise” que se arrasta desde 2015, o governo e
seus parceiros económicos têm envidado esforços para conter o elevado custo de
vida, pricnipalmente sobre as camadas mais sensíveis. O bloqueio internacional
impôs que o governo reorientasse as suas prioridades; as negociações com o FMI
impuseram o fim dos subsídios aos combustíveis, pão e eventualmente aos outros
sectores, antecipando daí “grandes ondas de descontentamento popular nos gandes
centros urbanos, principalmente a cidade de Maputo”. Alguns até já se fala de
greves, similares as de 5 de Fevereiro (2008) e 1 e 2 de Setembro (2010).
Apesar da carência momentânea do combustível, este ainda existe. Apesar do
custo do pão, o trigo ainda existe; apesar de tudo, abeiramos de forma
inexorável ao fim do bloqueio internacional e o futuro é promissor. A PAZ VEM CHEGANDO
A CORRER e os problemas por resolver cada fez clarificados! Há sim motivos de
continuar a manter viva a esperança.
Historicamente, a maioria das “greves populares” que em bom rigor podemos
chamá-las de “levantamentos populares” ou “manifestações populares” aconteceram
na cidade de Maputo. E isto explica-se em parte pelo ALTO NÍVEL DE
MONETARIZAÇÃO DA ECONOMIA FAMILIAR, ou seja, a grande dependência das famílias
ao dinheiro para sobreviver e fazer andar as suas vidas. Pôde contar de
memória, que de 1992 a 2011 ocoreram apenas em Maputo, 15 “greves de grande
vulto”e todas elas relacionadas à sobrevivência. Antes de continuar, devo
denunciar que tais “greves” nada têm a ver com a maturação da consciência
cidadã. Este paradoxo pode explicar-se parcialmente pelo alto nível de relação
de proximidade que existe entre Maputo e o poder político, permitindo-lhe ao
longo dos tempos, um privilégio especial por parte do actores estatais e
não-estatais. Beira, Nampula, Quelimane; cidades completamente diferentes da de
Maputo, conseguiram por exmeplo, eleger dirigentes políticos diferentes do
partido no poder! Tal demonstra claramente a difrença em termos do nível de
cognição política em comparação com Maputo.
Voltemos à vaca fria. O presente texto tem por objectivo chamar atenção e à
consciência dos demais cidadãos que o etnocentrismo e o sociocentrismo, quando
elevados ao extremo podem promover a injustiça para a maioria em detrimento de
uma minoria.
- Quando um grupo julga que a retirada dos subsídios ao pão pode provocar a greve em Maputo quando esse grupo sabe(?) que parte de Moçambicanos padecem de fome
- Quando um grupo julga que retirar subsídio aos combustíveis é mau quando sabe que parte do Moçambique nem se quer estradas há muito menos carros;
Quando estes dois assuntos são motivos de provocar uma greve com “repercusões nacionais”, então estamos perante o império do sociocentrismo; estamos a negar ver a “grande imagem” do que o país de facto é.
- Você tem carro. O governo retira subsídio de si para conseguir comprar farinha para aqueles que morrem vítima da seca e estiagem (norte de gaza) e outras calamidades naturais (cheias e conflicto armado no centro de Moçambique)
- Você já não pode comer pão porque está caro, mas tem eventualmente arroz ou farinha; pode subsituir pão por outro alimento. Mesmo assim, quer pão e vai à greve. Saiba que alguém, pode morrer justamente porque você está a colocar os seus interesses em primeiro sobre os demais que precisam um pouco do seu sacrifício para sobrevierem apenas.
Esta nação está ainda por se unir. Os valores da solidariedade e unidade
entre moçambicanos ainda estão por serem implantados em cada um de nós. Não faz
muito sentido que perante situações de aperto colectivo, alguém esteja a pensar
na greve sem antes perceber o que está acontecer. Em 2015 escrevi um texto em
que dizia que os governos sucessivos que se seguiram desde a indepdência eram
governos de Maputo, dado o tratamento diferenciado que esta cidade tinha em
relação as demais.
Uma coisa é reconhecer a grande dependência monetária das famílias nesta
cidade, outra, bem diferente, é pensar que o pão é à semelhança da
independência, uma conquista nacional e que por esta razão, deixar de comê-lo
equivale a perder a nossa soberania. Uma coisa é reconhecer que com a retirada
do subsídio ao combustível, ele se tornará mais caro. Outra é pensar que andar
de viatura própria é uma conquista nacional, equivalente ao direito à
alimentação.
A forma como a “nossa opinião pública e o debate público” são conduzidos
deixam-me queixo-caído. Estão a colocar na mesma balança o direito à vida com o
direito ao transporte individual! Os etnocêntricos e os sociocêntricos fazem
isso: vivem no mesmo país onde uma minoria possui viatura particular e a
maioria anda de transporte público, mas estes exigem que o governo os subsidie
primeiro em detrimento da maioria. Vivem no mesmo país onde milhares de
concidadãos padecem de fome e por isso sofrem a ameaça da morte, mas querem que
se subsidie o pão senão vão à greve. Vivem num país onde a maioria do povo
padece de inúmeros problemas entre educação, acesso à água potável, rede de
transportes, energia eléctria etc., mas preferem olhar para o seu umbigo e
evadir-se à mobilização nacional para de froma gradativa suprirem-se as
necessidades. Isso não é cidadania, é EGOISMO, ETNOCENTRISMO, SOCIOCENTRISMO.
É POSSÍVEL SIM uma mobilização popular activante e consequente sem que tal
se traduza em aproveitamento político desmoralizador e cínico. Não temos muitas
chances de saída agora senão passarmos por este fino túnel de aperto,
conscientes que não há noite que não termine em aurora. Fazer isso significa
consciencializarmo-nos da real situação a partir da qual adotamos as devidas
medidas de resiliência. Se é para sofrer que soframos todos. Um homem de estatura
baixa não deve se posicionar atrás de um homem alto quando se sentarem na
bancada para assistir futebol. A proceder desta maneira, o homem baixinho não
poderá ver o jogo pois este será vedado pela estatura do homem alto, à sua
frente. Assim, os lugares deverão ser trocados para permitir que todos possam
ver o jogo. ISSO CHAMA-SE EQUIDADE.
Pelo debate infromado e sem manipulação, o meu abraço.
Comentários
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