A REVELAÇÃO DE UM EQUÍVOCO POLÍTICO: Eliseu Machava, Secretário-geral da Frelimo
No dia em que a Assembleia da República abria-se para mais uma sessão, a bancada da Frelimo reuniu-se com o Presidente do partido e respectivos órgãos para mais um exercício de alinhamento concertação. Foi nesta reunião que se ouviram palavras de encorajamento daqueles deputados à liderança do Partido. De entre as tantas, a que mais captou a atenção foi a “reentronização de Nyusi para mais um mandato; até 2024” feita por Eduardo Mulémbue, antigo Presidente da Assembleia da República. Nos dizeres de Mulémbue, o Presidente Nyusi “é e será o nosso Presidente até 2024” sugerindo que dentro da Frelimo, não haviam dúvidas de que o Presidente Nyusi era até hoje o melhor candidato para o partido e que, devido ao seu desempenho como Presidente da República, não restam dúvidas que vencerá as eleições presidenciais de 2019. Este sentimento não é novo nem foi Mulémbue o único a expressá-lo publicamente. Alberto Chipande, veterano da luta armada de libertação já teria afirmado isso na Beira em 2016; no último dia da última reunião do comité central, eu vi dísticos das províncias de Tete, Inhambane, Gaza e Cabo Delgado, sugerindo Nyusi como presidente da Frelimo e do país por “longos anos” – e por longos anos significam pelo menos dez.
Sucede que um dia depois, o Secretário-geral da Frelimo, Eliseu Machava afirmou perante as câmaras da televisão que “a Frelimo se distanciava das afirmações do Camarada Mulémbue”, inter-alia, que “o que ele disse não passava de opiniões pessoais”. EIS AQUI UM EQUÍVOCO REVELADO!
Mas dizer que “o que o Cda Mulémbue afirmou é da sua inteira responsabilidade; que a Frelimo distancia-se dele” revela não só incompetência no domínio da retórica política; o Cda Machava revela também que está “amarrado” à várias agendas e várias correntes de luta pelo poder ao ponto de não conseguir geri-las da melhor forma. Ou seja, não quer se comprometer com ninguém: nem com o actual Presidente, que é seu chefe muito menos com qualquer grupo de interesse que eventualmente esteja a preparar-se para impedir o segundo mandato do PR. E isso é mau, principalmente quando no dia-a-dia está ao serviço de uma visão e orientação de um presidente que é seu chefe: Filipe Jacinto Nyusi. Não existe melhor demonstração da traição como essa.
A referência ao Partido Frelimo que “se distancia das falas de Eduardo Mulémbué” é também reveladora de um mal-estar assombroso. Revela que ele anda conversar com correntes anti-Nyusi, que ele as considera como “verdadeira Frelimo”. Mas eu ainda preciso de conhecer essa “verdadeira Frelimo”, pois os grupos de pressão mais fortes e dominantes foram os mesmos que garantiram a transição tranquila de poder desde a independência e são os mesmos que endossaram Nyusi desta vez. Ora, com quem o Cda Machava conversou na noite anterior a ontem (01-03-207) para chegar a conclusão de que a FRELIMO não se revela nas falas de Mulémbue? Certamente com ninguém ou com alguns; porém, com nenhum órgão da Frelimo. Qual é a directiva que deliberou a não recandidatura de Nyusi? Nenhuma; até porque isso irá acontecer nos próximos meses. O que impede ao Presidente Nyusi renovar o mandato? Nada, até porque isso será confirmado nos órgãos apropriados. As pessoas são proibidas de apoiar um candidato? Não. Ora, o que leva ao Cda Machava afirmar EM NOME DA FRELIMO que “se distancia das falas de Mulémbue”, que se revelou apoiante da ideia e obteve a ovação da sala? A resposta é simples: só pode ter alguém em mente, se não tiver sido mera incompetência linguística.
E a minha conclusão é que o Senhor Eliseu Machava equivocou-se duplamente: primeiro, devido a sua incompetência linguística e segundo, pelos maus cálculos que fez. O certo é que não se trata de um verdadeiro “lapsus linguae” (erro que se comete por distracção, falando). Esta é uma revelação atávica; um exprimir inconsciente do que sempre pensou!
Sucede que um dia depois, o Secretário-geral da Frelimo, Eliseu Machava afirmou perante as câmaras da televisão que “a Frelimo se distanciava das afirmações do Camarada Mulémbue”, inter-alia, que “o que ele disse não passava de opiniões pessoais”. EIS AQUI UM EQUÍVOCO REVELADO!
- Filipe Jacinto Nyusi é Presidente do Partido Frelimo;
- Eliseu Machava é secretário-geral da Frelimo;
- Os deputados da Assembleia da República são membros do Partido Frelimo;
- Quando Mulémbue afirmou que Nyusi seria o presidente da Frelimo e do país até 2024 a sala vibrou de alegria em sinal de unanimidade e consenso e apoio as falas de Mulémbue. E o Camarada Machava estava lá na sala. Vimos pela TV deputados aplaudindo e ovacionando as falas de Mulémbue!
- Não houve ninguém que de seguida tratou de corrigir em sede própria às falas do Eduardo Mulémbue muito menos o Cda Machava.
- Vi um abraço efusivo entre o Presidente Nyusi e Mulémbue!
- Entendo que, querendo interpretar as palavras do Secretário-geral da melhor forma, ele queria dizer o seguinte:
“Apesar de o país e a Frelimo estarem contentes com o desempenho do Presidente Nyusi; apesar de este ser o sentimento dos membros da Frelimo, não devemos tirar o gostinho de esta confirmação ser carimbada pelos órgãos próprios. Eu também estou convicto que o Presidente Nyusi será o nosso presidente até 2024, porém isso fica entre nós”.Essa seria uma forma menos cáustica de dizer a mesma coisa. Da forma como afirmou, reavivou muitos fantasmas, incertezas e confusão no seio dos membros.
Mas dizer que “o que o Cda Mulémbue afirmou é da sua inteira responsabilidade; que a Frelimo distancia-se dele” revela não só incompetência no domínio da retórica política; o Cda Machava revela também que está “amarrado” à várias agendas e várias correntes de luta pelo poder ao ponto de não conseguir geri-las da melhor forma. Ou seja, não quer se comprometer com ninguém: nem com o actual Presidente, que é seu chefe muito menos com qualquer grupo de interesse que eventualmente esteja a preparar-se para impedir o segundo mandato do PR. E isso é mau, principalmente quando no dia-a-dia está ao serviço de uma visão e orientação de um presidente que é seu chefe: Filipe Jacinto Nyusi. Não existe melhor demonstração da traição como essa.
A referência ao Partido Frelimo que “se distancia das falas de Eduardo Mulémbué” é também reveladora de um mal-estar assombroso. Revela que ele anda conversar com correntes anti-Nyusi, que ele as considera como “verdadeira Frelimo”. Mas eu ainda preciso de conhecer essa “verdadeira Frelimo”, pois os grupos de pressão mais fortes e dominantes foram os mesmos que garantiram a transição tranquila de poder desde a independência e são os mesmos que endossaram Nyusi desta vez. Ora, com quem o Cda Machava conversou na noite anterior a ontem (01-03-207) para chegar a conclusão de que a FRELIMO não se revela nas falas de Mulémbue? Certamente com ninguém ou com alguns; porém, com nenhum órgão da Frelimo. Qual é a directiva que deliberou a não recandidatura de Nyusi? Nenhuma; até porque isso irá acontecer nos próximos meses. O que impede ao Presidente Nyusi renovar o mandato? Nada, até porque isso será confirmado nos órgãos apropriados. As pessoas são proibidas de apoiar um candidato? Não. Ora, o que leva ao Cda Machava afirmar EM NOME DA FRELIMO que “se distancia das falas de Mulémbue”, que se revelou apoiante da ideia e obteve a ovação da sala? A resposta é simples: só pode ter alguém em mente, se não tiver sido mera incompetência linguística.
E a minha conclusão é que o Senhor Eliseu Machava equivocou-se duplamente: primeiro, devido a sua incompetência linguística e segundo, pelos maus cálculos que fez. O certo é que não se trata de um verdadeiro “lapsus linguae” (erro que se comete por distracção, falando). Esta é uma revelação atávica; um exprimir inconsciente do que sempre pensou!
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