NÃO CONFUNDIR MOVIMENTO COM PROGRESSO


Tudo o que consegui ver no vídeo mais badalado da noite anterior é de aldeões com fome e precisando de uma urgente ajuda humanitária. A Unicef pode já subir até Piro, Cheringoma, Província de Sofala para vacinar as crianças; a Cruz Vermelha e até INGC podem subir para abastecer os necessários nutrientes e subsídios alimentícios. Afinal, estamos em paz.
Não se pode pensar em mais nada senão num programa de assistência humanitária de curto prazo, com vista a compensar aqueles aldeões de anos de privação.

Tudo o resto que está a surgir não passa de problemas internos da Renamo que seguramente serão bem resolvidos. Mas para que isso seja possível, as autoridades devem agir na mobilização pública e na disponibilização de meios de sustento aos que necessitam.

A linguagem de zanga e violência é própria de quem está consciente de que do outro lado da floresta abunda a fartura e querem também eles participar do regabofe.
Eu olho na eleição desse indolente como um bom sinal. Nada caótico que lidar com vespas sem colmeia. Assim, pelo menos a Renamo tem com quem organizar o discurso. Mas será nos próximos dias que descobriremos quem são essas formigas que carcomem por dentro as maiores conquistas do povo e põem em causa a unidade nacional. Será dos comentários e posição da Bancada da Renamo que poderemos identificar o Diabo por dentro; a cabeça do polvo.

Estou informado de que para a realização da conferência, Nyongo e seus membros contaram com ajuda do grupelho que perdeu no Congresso que elegeu Ossufo Momade no último congresso. De resto, nada surpreendente.

AGORA MAIS SÉRIO AINDA

Os problemas da Renamo não são de todo inusitados. A morte de um cacique cria sempre um caos. Há muito que reconciliar: contas, património institucional, favores, acomodações, etc. Não é fácil num contexto onde há pouco tempo para pensar e o concurso pelo poder parece ser a única coisa que os sobrevivos sabem fazer.

Ontem vimos um vídeo onde parte dos militares liderados por Nyongo se autoproclamaram a verdadeira Renamo. Mas é de total ingenuidade assumir que por causa daquele gesto tolo, todos os militares estejam do lado do Nyongo e que Ossufo Momade não tem nenhum apoio de parte desses mesmos militares que, contando, são 5200.

Só para recordar que, de tudo que me recordo do discurso de Paz de Ossufo Momade foi a menção ao “Estado-maior” da Renamo liderado por Tomothy Maquinze o verdadeiro estratega e líder militar de Afonso Dhlakama, nunca trocado por Momade quando chegou ao poder.

Não há dúvidas que as sementes desta confusão estão na forma como Ossufo Momade distribuiu o poder quando chegou, tendo encostado uns e marginalizado outros. Dizem que é normal em política, mas se calhar, a dosagem e o contexto fazem toda diferença e tem implicações no resultado. Todavia, eu acredito e estou 100% seguro que tudo isto vai acabar bem.

O que vimos ontem não é progresso. É movimento. Tu podes passar dia todo a baloiçar. Não vais para lado nenhum. Para fazer um progresso, alguém deve cortar as cordas do baloiço para caíres um pouco longe. Nyongo não está a fazer guerra muito menos está a prepará-la. Está a contestar uma liderança e aproveita-se do momento actual de Paz para envolver-nos a todos nós com um discurso chantagista. Afinal, são as únicas armas e trunfos que tem.

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