O País: não basta seres belo

Receio que este texto venha a ser interpretado como pretendendo “tirar pão” alguns. Mas, torna-se inevitável descartar um comentário sobre uma instituição que presta um serviço público, quando estes se afiguram aquém das expectativas, ou pelo menos roçam a burla.

Há bem pouco tempo o Grupo SOICO transformou o jornal semanário O País em Diário. Grande passo esse, dado pelo grupo. Bayano Valy fez uma grande e importante análise sobre as implicações desse arrojo. Seria redundante voltar a falar desse assunto.

O que não consigo esconder neste momento é o medo de este esforço defraudar e de que maneira as expectativas dos leitores.

Se já na altura em que o Jornal era Semanário, grande parte dos conteúdos eram os mesmos anteriormente noticiados pela STV, agora que é diário, a situação tende a piorar, criando em mim um grande desconforto. Um jornal belo como o é, não fica bem ser ao mesmo tempo defraudador das expectativas!

Já tinha comentado no Blog do Bayano duas coisas e aqui volto a repetir com algum detalhe:

Dos colunistas, das repetições de notícias já televisionadas

O jornal deve passar a ter seus próprios conteúdos; mais desenvolvidos, com cabeça, pés e membros. O que até agora está a acontecer é que quase todos conteúdos incluindo as fotos são retirados dos serviços noticiosos da STV, que também é sua propriedade. É uma pena porque para os que gostam de se informarem, tais “notícias” não passam de uma fraude, por já terem sido televisionadas, apesar de se defender que nem todos têm acesso a Televisão! Sim, mas, se não tem televisão, dificilmente essa gente teria dinheiro para diariamente adquirir um jornal!

Mutandi Mutadis

A nossa querida Olívia Massango deve sair da chefia da redacção por já ter dado o que devia dar. Era de opinião que Lázaro Mabunda ou, segundo Bayano, outra pessoa capaz de gerir e dar outro gás a um diário pudesse substitui-la.

Se calhar, essa mania de andar a repetir conteúdos da STV no País seja exactamente a carência de ideias frescas capazes de tornar o jornal diferente e mais apetecível a leitura. Prove-me o contrário Olívia.

Ao longo do seu reinado, Olívia Massango não tem conseguido convencer e mandar pagar bons colunistas, o que é uma pena que contrasta com o carácter da STV. O Jornal O País anda a nos entreter com opiniões de alguns apresentadores e jornalistas da STV em forma de coluna! Isso é no mínimo um embuste! Quando eu compro O País, não estou disposto a ler o que, por exemplo Ernesto Martinho – Jornalista e apresentador da STV (meu amigo) - pensa sobre as eleições dos EUA; peça que já leu no serviço noticioso da STV! Estou, antes, interessado em ver caras novas, pagas para pensar e escrever; digo, colunistas.

Olívia Massango também não foi capaz de nos trazer análises de fundo sobre um determinado assunto. Não temos registo de nenhuma competência de redacção a não ser das suas lucubrações ocasionais patentes na sua coluna. Ela pode ser uma boa socióloga, o que não duvido, mas o que nós, leitores, queremos é notícia, análise e investigação.

E, no fundo, dá-me a sensação que Jeremias Langa é que de quando em vez vem dando lufadas de ar fresco a já cansada equipa de redacção! Em suma, FALTA PLANIFICAÇÃO na equipe do O Pais. E quem faz e coordena essa planificação é, sem dúvida, a chefe de redacção, ou seja Olívia. Porém, para planificar precisam-se de ideias.

Abraços a sensatez. Amigos amigos, negócio a parte, não nos ludibriem. Trabalhem.

Comentários

Bayano Valy disse…
caro vaz,
é bom que tenhas continuado o debate. o produto depende muito dos recursos à disposição do empreendedor. o país (produto) é resultado de várias conjecturas tanto internas como externas. sempre disse que nunca julguei o mabunda com estofo para estar em frente de um jornal. a olívia tem os seus dias de brilho. agora, o dilema do grupo soico é de ter três órgãos a funcionar e de alguma forma concorrer pelo mesmo espaço. essa é uma nova maneira de ser no nosso jornalismo. o que penso que deve acontecer é cada sector ter uma ideia clara sobre o que pretende com os mesmos recursos. não vejo grande problema em se repetir as notícias constantes do telejornal ou noticiários d sfm. aliás, a palavra escrita é mais duradoira. vejo problema quando não se nota um esforço de comportamentalizar (existe esta palavra?) o produto. o jornal devia, como bem dizes, ir mais a fundo das questões. talvez o problema é da transição, ie, escrever para o jornal é diferente de escrever para rádio e televisão. é aqui onde a olívia devia prestar mais atenção, mas como nunca foi jornalista, isso torna a tarefa dela mais difícil. vou pensar um pouco sobre a questão da transição e ver até que ponto podemos levar o debate.
abraços
Egidio Vaz disse…
Vens com uma visão diferente e enriquecedora.
Porém, eu acho sim que há problema em ter mesmissimos noticiarios em três canais da mesma empresa. Eu continuo a achar que a forma como se faz o jornalismo no grupo soico defrauda as minhas espectativas. Temos exemplos de outros grupos noticiosos do mundo. Não fazem o mesmo.
Quer exemplos para quê?
Abraços
Ximbitane disse…
Ainda nao tive a ousadia de comprar o jornal em referencia, mas se é uma repetiçao do que se vê nos jornais televisivos e repetidos inumeras vezs no dia seguinte, logo a partida abstenho-me de o fazer.

Segundo me constou, aquando do lançamento, a perspectiva é/era ter uma unica sala de ediçao para os tres difusores: radio, televisao e jornal. O projecto é ambicioso e digno de fazer inveja para muitos mais eis a minha questao: sera que se conta com um publico determinado para cada um dos difusores? Porque so assim se pode justificar que tenhamos o mesmo produto nos 3.
Anónimo disse…
A questão de "O Pais" é séria. Acredito que a própria SOICO vai resentir-se disso sem demoras se não mudar de estratégias. Pessalmente aprecio pouco as crónicas da Olívia. É provável que eu seja mais crítico. O Mabunda, no meu ver, daria um alito diferente ao jornal(se lher for dado o espaço para expressar a sua ideia, claro), mas também terá pouca duração. Que uma das soluções passe em ter uma equipa séria de colunistas isso é verdade. Eu, por exemplo, comprava o pais, diariamente na priemira semana, mas verifiquei que era reacapitulação do telejornal anterior, já não compro. Ou o jornal repete, mas leva mais afundo as questões. Tem lá novas e jovens caras...

CMatusse
Anónimo disse…
A questão do O País é mesmo muito séria. À semelhança de tantos outros, eu também já não leio aquele jornal. Ele ficou repetitivo, por isso enfadonho e desinteressante.
Não gostaria de comentar sobre a Olívia Massango, irmã do Daniel David (DD), por sinal o proprietário da SOICO. Já o havia feito em ocasiões anteriores e concordo perfeitamente com a opinião de todos. Que ela não funciona é um facto. Que ela anda em intrigas com os trabalhadores é também um facto. Que ela é ditadora, todos nós sabemos. Mas também não duvidem que um dia ela estará no lugar do Jeremias Langa e aí, provavelmente, o Mabunda suba para Chefe de Redacção. Se estão atentos, hão-de notar que a ideia do DD é, paulatinmente, meter os irmãos, os primos e outros familiares nas posições estratégicas da empresa e “chutar” aqueles que desde o início lutaram para o crescimento da empresa. Lembram-se do Ribeiro, agora na TIM? Lembram-se daquele fulano cujo nome me foge, que era Director do Planeamento Estratégico da SOICO- na altura braço direito do DD. Se forem a questionar o que terá acontecido com eles para serem preteridos, ninguém chegará a resposta satisfatória. Aparentemente, o Jeremias Langa já se apercebeu de que, com a Olívia no lugar em que está, ele tem muito pouco espaço de manobra e deixa as coisas acontecerem como ela pretende. É como quem diz “desde que me paguem o meu salário”.O Jeremias (conheço-lhe perfeitamente) é uma pessoa apaixonada pelo jornalismo investigativo e pela escrita. Não acredito que ele seja o responsável pelas babuseiras que O País traz ao público todos os dias. Nem se quer acreito que seja o Lázaro Mabunda o responsável por isso. Acredito que seja resultado de uma má planificação, de reuniões onde só se impõe, sem liberdade de pensamento, de expor ideias e de escrever sobre assuntos que o jornalista achar melhor.

Notícia de última hora: A Olívia acaba de expulsar o Ramos Miguel, decano do jornalismo moçambicano (comentem)

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