Contra o vício da "ancoragem" e do "ajustamento"
À MEDIDA que nos aproximamos a data final para a entrega pela Kroll do seu relatório, noto sentimentos mistos à volta da expectativa, todos apontando para um conflito emocional forte. É que todos querem que o relatório satisfaça as suas expectativas. Está aqui um mau vício que nos apossa a todos nós: cinismo e ausência total da confiança nas instituições. A começar pelos contratantes até aos beneficiários, todos escondem o seu nervosismo atrás de palavras vazias como “o relatório deve apresentar dados concretos”; “o relatório deve explicar com clareza o destino dos dinheiros” ou “o relatório deve ser consequente”. Ou seja, se antes o maior “sonho” era ver o governo a ceder à pressão internacional em relação a auditoria, agora quer-se influenciar no resultado da própria auditoria, ou seja, influenciar no conteúdo e até na redacção do texto final. Porque é que isso acontece? Porque há muito que fazemos da incredulidade, da crítica inconsequente, do partidarismo polarizador e d...