O vale, antro da corrupção e sofrimento ou, como se enriquece e se empobrece com as cheias?
Em Chupanga, Marromeu, província de Sofala, mais de um milhar de pessos foram detectadas e posteriormente banidas da lista dos afectados, quando foram descobertas que, afinal, não passavam de uns oportunistas que queriam aproveitar-se do bom óleo e de bons cobertores.
Em Mutarara, dois chefes de bairro foram acusadas de inscrever seus familiares nas listas de pessoas afectadas pelas cheias, com o objectivo já conhecido.
Todo o distrito de Mutarara, por exemplo, Caia, Chemba e Tambara, estavam à braços com a fome, antes das águas inundar as machambas das populações. Produziu-se pouco, em virtude da tardia queda das chuvas. As esperanças estavam todas depositadas na segunda época; essa, que já está frustrada.
O resgate empobrecedor
Um relato contado por um cidadão do Centro de Acomodação de Chupanga em Marromeu ajudou-me a acompreender como é que o resgate, seja de emergência seja preventivo; seja por barco ou avião e mesmo de bicicleta do INGC ajuda a empobrecer ainda mais as população.
Vestuário, panelas, roupa, um pouco de comida, tudo. Tudo fica seja porque o avião ou helicóptero apenas está para salvar almas e não cabritos ou farinha. A promessa sempre tem sido a de “vai encontrar lá”! e chhegado “lá” vive-se o drama. As vezes provocado. E os dinheiros chorudos lá vêem,
Mas para os bolsos conhecidos.
Comentários
Bjs meus
Mas as pessoas podiam fazer melhor do que actualemnte fazem.
Uma coisa que me intriga é que a nossa imprensa não diz o que está a acontecer. Na maioria dos casos DIZ aquilo que o chefe viu e quer coemntar. Viajam junto com os dirigentes, sobrevoam as zonas afectadas e, no fianl da viagem perguntam: COMO É QUE FOI A VIAGEM?
o ano passado houve um debate interessante sobre o voluntario e servicos de apoio a populacoes necessitadas. e ate houve alguns seminarios e workhops sobre o voluntariado, com ministros e tudo. e na altura questionei o silencio do MMAS, este ministerio tem uma vocacao singular, de criar instrumentos legais, de execucao, de standardizacao da intervencoes, criterios de apoio e mapas de focus de ajuda, e respectivas estrategias de intervencao. para mim era preciso pensar sistematicamente. juntar a cruz vermelha, INGC, e outras entidades vocacionadas.
hoje as nossas intervencoes sao had-hoc, sem instrumentos legais que sustentam isso, sem pessoal qualificado, sem sistema e instrumentos com minimo de standard de qualidade, cobertura, acesso.
esta situacao de pessoas afectadas directamente e indirectamente, nao é novo. basta falar com os colegas que trabalham na area de seguranca alimentar, apoio a vitimas de HIV/SIDA, extensao rural,...isso é reflexo desta falta de criterios e modelos que clarifiquem a nossa intervencao. isto aplica-se a esta propalada accao contra pobreza absoluta: temos que mapear melhor esta pobreza, seus recursos, suas necessidades, actores, seu impacto, populacao afectado (niveis de pobreza), categorias, o parpa ate ajuda, mas nao equipa-nos como intervencionistas. ( basta olhar esta planificacao distrital dos 7 bilioes, com conselhos distritais, planificacao distrital nao é brincadeira, precisa-se de instrumentos, pessoas qualificadas, sistema, etc. assistimos a coisas caricatas onde os distritos nao sabiam o que fazer com isso, apesar de alguns propalarem que é um exercicio de aprendizagem - perigoso quando se trata de um exercicio que deve ser metodologico, construtivo, participativo e que produza resultados imediatos -.
entao mano, ha que trabalhar, ha que apoiar o pessoal que esta no terreno, esta tragedia traz tambem licoes e oportunidade para preparar que o futuro seja menos dramatico que este ( os cientistas vem propalando que os desastres naturais serao ciclicas nesta regiao do mundo).
Sabe, quando foi das primeiras chuvas, a imprensa, inclusive o Ministério da Agricultura diziam em plenos pulmões: PERSPECTIVA-SE BOA SAFRA AGRÍCOLA para a época 2006-2007. E era essa a canção. Por outro lado, o INAM cantava a aproximação das mais variadas intempéries: chuvas torrenciais, ciclones, efeitos el niño, etc.
Faltou coordenação a priori.
No INGC, verifiquei mesma coisa: Massivo recrutamento de quadros com formação superior para apetrechar a região sul, a semi-árida, abraços com a prolongada estiagem (meus amigos, 5, foram sucessivamente colocados em Mabalane, Chicualacuala, Chóque, e, mais acima, em Pafuri!
Quando apareceram as cheis, todos eles viajaram para Chinde, Mopeia!
E o que mais me intriga: DINHEIRO DE CALAMIDADES NATURAIS NÃO SE JUSTIFICA. GASTA-SE. E NÃO É POUCO. À custa dos pobres.