Para que não seja cúmplice

Sobre o MDM de Daviz Simango

Há dois assuntos que, apesar de suscitarem em mim um interesse especial, sempre receei comentá-los, pelo menos publicamente. O primeiro foi o processo eleitoral americano, que culminou com a eleição de Barack Obama. Pelo menos considero-me um dos que em Moçambique, acompanham de perto e de forma apaixonada a política americana estando deste modo, numa posição privilegiada para formar uma opinião a propósito. Porém não o fiz. O outro foi o processo eleitoral autárquico nacional e a reeleição de Daviz Simango. E já agora a formação do MDM. Sobre o último ponto, não resisti. Farei hoje o meu comentário que de certeza vai contra aquilo que muitos dos que publicamente se expressam esperam deste movimento. Para já, faço-o hoje por um motivo especial: Para que não seja cúmplice da história.

I Sobre Daviz Simango e sua carreira Política

Serei sucinto, apenas para aproveitar a oportunidade para felicitá-lo pelo sucesso alcançado nas últimas eleições municipais. Daviz é dos poucos políticos que, à semelhança de Eneas Comiche, conseguiu, em Moçambique granjear a simpatia, reconhecimento e respeito pelo trabalho feito. Por isso mesmo, na cidade da Beira, o povo o reelegeu.

Esta vitória doeu a duas pessoas principais: Lourenço Bulha, que agora acaba de ser crucificado e Afonso Dhlakama que pela primeira vez na história da sua gestão danosa foi deixado sozinho por grande parte dos seus poucos quadros.

Daviz Simango inicia-se na política quase desconhecido; sem nenhuma obra política de referência, para além de ser irmão de Lutero, antigo presidente do PCN e filho de Urias Simango, fundador do tal partido que Lutero e outros “espertos”decidiram dissolver para se filiarem à Renamo, na vã esperança de um dia renderem Afonso Dhlakama na liderança do partido. Daviz Simango permaneceu na Beira e fez o trabalho. Tirou a Beira da lista dos maus nomes para lança-la no patamar de boas cidades do Mundo; de cidades com uma liderança forte.

A ascensão política de Daviz fez com que muitos o invejassem, principalmente dentro da Renamo; uma tradição fomentada pelo seu líder. Por isso, apesar do sucesso e da credibilidade governativa que trouxe a favor da Renamo, Daviz não logrou apoio interno. Por um lado, Afonso Dhlakama que se sentia ameaçado, uma vez que comentadores, analistas e outros curiosos avançavam o nome de Daviz como seu sucessor ideal. Porque ele é tão alérgico e paranóico a esse tipo de informação, tratou de fazê-lo a cama de forma mais desajeitada e tacanha. Por outro, a verticalidade e coerência com que tratava os seus pares da Renamo fez com que colhesse a tempestade, já que Daviz não se compadecia com quaisquer práticas nepotistas ou partidárias no âmbito da gestão do Município.

II Da Vitória

A Vitória de Daviz Simango na Beira deveu-se mais a um fenómeno político muito interessante: por um lado ao apresentar-se como vítima de um grupelho de espertos e mal-intencionados que lograram enganar Dhlakama para a seu desfavor indicar Manuel Pereira, Daviz conseguiu assim salvaguardar e ao mesmo tempo apelar à emoção de grande parte das bases da Renamo e dos “swing voters”.

Por outro, ao apresentar um bom trabalho ao longo dos últimos anos evidenciado pelo vários prémios e menções honrosas no exterior do país, Daviz conseguiu por em causa e assim tornar-se imune às quaisquer iniciativas de contra-ataque e de jogos baixos, postos em marcha antes, durante e após a campanha eleitoral. O povo esteve com ele e o protegeu.  

Porém, esses dois factos não podem como é óbvio, subestimar a excelente campanha eleitoral, uma campanha do tipo novo, onde se evidenciava o enfoque na mensagem, no programa de governação e não no insulto, calúnia e difamação. Creio que para a esmagadora maioria dos beirenses, a ideia central por detrás do apoio prestado a Daviz era punir Dhlakama por ter sido comprado pela Frelimo – recorde-se por exemplo, as declarações de Faque Ferraria, gravadas pelo telemóvel.

III Do Partido recém-nascido

A tónica geral em torno deste novo movimento é bem conhecida. São poucas as pessoas que vieram a público expressar seja suas dúvidas quanto a viabilidade ou qualquer outro tipo de oposição. Nisto, nota positiva vai a Afonso Dhlakama que apenas limitou-se em dizer que o partido MDM não ofuscará a imagem da Renamo. E nem de outro partido – acrescento.

Porém, no meu caso, se pelo menos não estou contra a formação deste partido, estou outrossim o céptico quanto a sua viabilidade. Sou dos pouquíssimos que não acreditam no futuro do partido neste momento pelo facto de ele ser constituído por pessoas (1) desertores de outros movimentos, maioritariamente da Renamo - facto não novo se tivermos em conta o apogeu e declínio do PDD de Raul Domingos, que, diga-se abono da verdade, que não acrescentou nenhum valor à nossa democracia – facto que muito irá contribuir para a continuação dos mesmos erros de gestão e governação político-partidária. O PDD mais uma vez pode nos ilustrar com exemplos claros sobre a forma como estava centralizada a governação e gestão partidárias. A razão é muito simples: grande parte deles nunca estiveram expostas a outras realidades de gestão, a não ser a experiência do velho Dhlakama, como carinhosamente gosta de ser chamado; (2) como políticos, individualmente, a maioria não acrescenta nenhum capital ao do Daviz. Alguns dos deputados da Renamo que se fala estarem prestes a se filiarem ao partido de Daviz, foram candidatos esmagadoramente derrotados nas últimas eleições autárquicas, outros, não conseguiram se quer contribuir com uma única palavra, no debate de ideias da Assembleia da República. Por último (3) parece-me que grande parte dos que aureolam Daviz, estão tão obcecados pelo partido em si, de tal sorte que suspeito desconhecerem da verdadeira realidade que lhes espera. Pensam em última instância, que basta a fama de Daviz e a aceitação que possui na Beira, para que a mesma se irradie pelo país adentro. Parece-me a mim, terem feito uma leitura superficial e algo apaixonada da base social que os apoia para projectarem homoteticamente às realidades tão distantes das que se vive na Beira e Maputo, por exemplo. E em última instância, Daviz Simango deixou-se enganar por grupos de políticos emergentes que procuram um lugar ao sol à custa da sua imagem. Para dar mais luz ao que escrevia antes, vamos dar alguns exemplos:

Lutero Simango, irmão do Daviz, liderou o PCN ao longo do tempo em que viveu. Acabou dissolvendo-o para se juntar a Renamo. Portanto, Lutero é por definição um calhau; um político falhado e sem visão. Mesmo assim, está nos círculos dos que aconselham Daviz.

Agostinho Ussore foi por muitos anos, digamos uma década, principal Assessor de Afonso Dhlakama. E sabemos qual tem sido o desempenho deste ao longo dos anos.

Maria Moreno - já se fala de que será a próxima SG do MDM - perdeu vergonhosamente em Cuamba, uma pequena vila do norte de Moçambique, quando em Novembro passado concorreu pela Renamo.

Máximo Dias, que apoiou a formação deste partido, dissolveu o seu MONAMO há anos, tendo-o transformado numa organização não-governamental.

Carlos Jeque, que também apoiou a formação do Partido, foi candidato várias vezes vergonhosamente derrotado a todos níveis. Nacional e Autárquico!

A dita “ala intelectual” não tem nenhuma inserção política a nível das bases. Ninguém os conhece, aliás o povo não os conhece, apesar de se lhe reconhecer o grande contributo para o aprimoramento do debate público e das leis.

Quanto a outros políticos e intelectuais que agora aureolam Daviz e lhe dão muita força e dinheiro inicial, a minha experiência manda dizer que esses irão fugir-lhe muito brevemente, à semelhança de Pedro, que disse não conhecer Jesus Cristo, quando os Judeus o haviam capturado e posteriormente conduzido ao Calvário. Aconteceu com Raul Domingos que muito antes de fundar o PDD, tinha o seu IPADE. Este Instituto, tinha muitos “quadros” que o acompanharam até a fundação do PDD. E, coincide serem os mesmos que ora acompanham a criação do MDM!

Um partido político que se ergue e se sustenta na base de desertores é um partido sem fundações sólidas. E será difícil elaborar mensagens frescas que inspirem confiança no eleitorado.


IV Do Eleitorado

Como anteriormente vinha escrevendo, acho inoportuno a criação de mais um Partido Político só porque alguém, neste caso Daviz, “está a ser pressionado pelas bases”para agir nesse sentido. Há três elementos que quanto a mim fundamentais e a ter em conta no quadro político nacional

a)      Sustentabilidade financeira: Em África e em Moçambique em especial gerir um partido é uma tarefa bastante difícil, principalmente em relação às finanças. Muitos dos partidos que temos em Moçambique são financeiramente inviáveis. E essa inviabilidade financeira é proporcional a irrelevância política, porque não redistribui. Um partido político com dificuldades financeiras dificilmente conseguirá levar a cabo reuniões regulares, pagar funcionários e fazer passar suas mensagens ao público. Dificilmente conseguirá redistribuir. Temos muitos partidos que nasceram, incluindo o PDD, que não equacionaram este elemento. Temo-los neste momento, moribundos; inactivos e aparentemente acéfalos. Espero que o MDM saiba gerir melhor os seus recursos;

b)      Eleitorado: Sendo a maioria que constitui a grupo forte deste novo Movimento proveniente da Renamo, está claro que quem sai a perder numa primeira fase é a própria Renamo. E não a Frelimo, apesar de constituir para este uma ameaça. Todos os movimentos políticos que nasceram e estão morrer, muito dificilmente conseguiram ao longo de anos, ganhar novos membros. E como tenho dito, em Moçambique o partido ganhador deverá ser aquele que conseguir convencer o eleitorado oscilante, eleitorado apartidário, aqueles cidadãos que olham com desconfiança a vida e os partidos políticos. Se Daviz conseguir fazer aquilo que conseguiu fazer na Beira, de certeza que irá suplantar a hegemonia da Renamo nas próximas eleições. Será que conseguirá? Vejamos a alínea seguinte.

c)       O MDM é um partido que nasce na cidade. Sabendo que a maioria da população vive no campo, qualquer partido ganhador deverá captar a simpatia destes. Portanto, logo à partida, o MDM nasce em desvantagem; digamos, sem pernas. Precisará de erguer algumas próteses para poder competir com a Renamo e a Frelimo e PDD, seus principais adversários. Conseguirá Daviz inverter esta desvantagem?

d)      A dimensão do tempo; preparação para a “travessia no deserto”: a experiência recente mostra que muito dos sonhos que nascem nas cabeças dos nossos políticos na verdade não sonhos embaçados numa visão de estado e da nação, mas antes, ambições mesquinhas, temperadas por alguns tiques de inveja, rancor e vingança. O perfil dos principais actores envolvidos na fundação do partido de Daviz Simango anuncia uma grande dificuldade de a breve trecho o MDM poder ter a sua própria identidade. Ao explorar em demasia as suas clivagens com a Renamo e Dhlakama em particular, receio que este partido venha a perder mais tempo a justificar a razão do seu divórcio com a Renamo e seu líder do que necessariamente a proposta de linhas de governação alternativos e viáveis. Grande parte dos actuais líderes do MDM está ávida em isolar Dhlakama do que necessariamente formar e consolidar um partido político. Em última instância, esses não estão conscientes das dificuldades que lhes esperam: a travessia no deserto como eu gosto de chamar, constitui o conjunto de adversidades sociais, económicas, profissionais e políticas que os membros do partido irão experimentar antes de chegarem lá. Refiro-me as consequências de ser membro do MDM em Moçambique: exclusão social, económica, cultural e profissional a que alguns dos membros irão sofrer. Uns perderão os seus empregos, outros verão seus negócios falidos por falta de uma ou outra forma de subvenção, ainda outros perderão seus cargos. O partido passará por grandes crises financeiras, organizacionais e até políticas. Conseguirão os seus membros resistirem à tentação de “voltar a esta casa” ou outra com aconteceu com tantos outros membros da Renamo e PDD? Ponto que quero marcar não tem nada a ver com o desencorajamento. Antes pelo contrário, como pessoa que testemunhou deserções e capitulações de pessoas que hoje encorajaram Daviz Simango a formar seu partido, receio que as mesmas o venham abandonar quando deles mais precisar! Será que será desta vez que Lutero Simango não mudará de partido? Será desta vez que Lutero Simango não irá convencer o irmão a fundir com a Renamo, preferindo uns interessantes corta-matos? Será que é desta vez que Máximo Dias se convenceu que o país precisa de mais um partido e não mais uma ONG como concluiu ao dissolver o defunto MONAMO?

A impressão geral que prevalece é de que estes não conseguirão suster longos anos de espera e trabalho aturado para que um dia venham lograr o que pretendem agora.

 V Havia alternativa?

Muitos deverão pensar que Egídio Vaz é contra a emergência de partidos políticos em Moçambique. Porém, uma coisa deverão ter em conta antes de me lançarem arremessos.

Uma estratégia ganhadora não se compadece com correrias e oportunismos fugazes

O tempo é propício. Os que lutaram lado-a-lado com Daviz nas últimas autárquicas, acham que fizeram muito. E a sua experiência deveria se replicar ao nível nacional. Apareceram ajudas aqui e acolá, e mais ajudas foram prometidas. Daviz é o Jet-Set do momento. Acham, enganando-se uns aos outros, que isso permanecerá assim. Se Dhlakama e Guebuza entrarem em cena, será tarde e descobrirão que entraram num ringue de escalão maior! Perguntem ao PDD, PIMO e PT ou os respectivos líderes. E porque a maioria dos componentes do partido andam apressados em ocupar os lugares das Assembleias Provinciais e da República nos próximos pleitos eleitorais – saberão quão longe estão e a vertigem da desmoralização será proporcional àquela que motivou a formação do MDM.

Política não é tudo. Ficar em casa ou fazer outra coisa seria outra solução viável

Não acho correcto que pessoas que se querem idóneas andem a mudar de partidos toda a hora; ou andem a fundar novos movimentos. Manuel Alegre concorreu como independente nas últimas presidenciais em Portugal. Perdeu dignamente. Nem por isso decidiu formar o seu partido; muito menos saiu do PS! Permaneceu lá; mesmo ostracizado. Porém, continua uma das referências mais importantes para a democracia portuguesa. Do lado oposto, está Manuel Monteiro, que tendo perdido em directas com Paulo Portas, fundou o seu partido. Hoje esse partidinho passa-se despercebido n xadrez político nacional.

Dhlakama não é Renamo. Um dia ele deixará o poder. Por bem ou por mal ou, havia motivo para formar Partido?

Faltou paciência ou é gula e ambição demasiada, temperada com tiques de vingança e megalomania da parte dos fundadores do MDM. Acredito que Dhlakama um dia irá deixar o poder. Acredito também que quando esse dia chegar, PDD e MDM irão desaparecer para de novo se fundirem em um só. Porque na verdade, esses dois movimentos são apenas versões da Renamo. O dia em que as três versões forem revistas, ter-se-á afinal uma única Renamo. Portanto, esse todo esforço em vão é desnecessário e atrapalha a política e o desenvolvimento da democracia verdadeira que pretendemos. Se os homens pudessem por algum tempo pensar no povo, veriam que a formação de mais partidos por membros vindos da Renamo apenas fragiliza a própria Renamo e a Democracia e aumenta cada vez mais as probabilidades de a oposição passar a desempenhar um papel de acessório no actual xadrez político. Se Daviz depois de ganhar as eleições cuidasse apenas do seu emprego juntamente com seus colaboradores; se Raul Domingos e outros se dedicassem a outras actividades e não à criação de outros movimentos políticos; se os deputados expulsos fizessem outra coisa...talvez tivéssemos uma outra realidade. Existem várias outras formas de como contribuir para o fortalecimento da nossa democracia. E parece-me que os actuais políticos e estes que vão formando novos partidos, apenas contribuem para distorce-la.

VI Saídas

Bom, uma palavra de esperança para os que ainda acreditam na viabilidade do MDM. Três opções se lhes reservam:

  1. Tornar-se num partido pequeno. Redimensionar-se e definir o seu espaço inicial para actuar politicamente por forma a racionalizar os esforços, recursos e enfoque. Para tal, terá que definir o entro do país como sua área de actuação, numa primeira fase.
  2. Dotar o partido de um discurso radical e mensagens focalizadas a um determinado tipo de audiência. Nas actuais condições, o MDM devia deixar de pensar de forma mastodôntica e centrar o seu discurso nos jovens, especialmente nos centros urbanos, onde pode lograr alguma aderência dada a própria natureza do seu surgimento.
  3. Daviz Simango deverá a partir de agora, começar a formar o seu partido e a sua equipa de trabalho. A actual comissão política é uma farsa; há gente que na verdade manda de fora, e são exactamente essas pessoas que poderão levá-lo à maneta se lhes prestar ouvido. Quando era estudante, há um professor que me dizia assim: se queres ser bom na minha cadeira, por favor, não procure um repetente para te resolver o exercício ou preparar lições. Ele passará o tempo todo ou a te amedrontar, ou a te falar da sua experiência (falida). Rodei-te de pessoas novas, frescas; e busque-as noutros lugares. Mas não na Renamo ou Frelimo...please.

Comentários

Nelson disse…
Um "Summary" interessantemente lucido.
Reflectindo disse…
Caro Egídio, li com muita atencão o teu artigo, mas falta-me um pouco de tempo para comentá-lo com a mesma atencão. Prometo-te dar o meu ponto de vista sobre o assunto e muito centrado nas fronteiras Mocambicanas. Enquanto isso, deixo o seguinte:

1. Um meu parabém pelo excelente artigo por apontares muita coisa que pode pôr em causa ao novo partido. É uma boa alerta para que cada um trabalhando para o projecto, tenha que ter em conta.

2. Parabéns por adiantares com algumas sugestões capazes de pôr o partido a andar.

3. Achei-te muito pessimista na tua análise o que não te permitiu ver qualquer oportunidade.

4. Acho lamentável que tenhas evitado debater sobre o assunto, incluindo a eleicão de Obama e da candidatura independente de Daviz Simango a edil da Beira.

Bom, voltarei! Abraco
Egidio Vaz disse…
Caro ReflectindoConcordo com o ponto tres. Sim, fui muito pessimista. Talves na altura que escrevia, a má experiência vivida e o conhecimento pessoal dos principais actores envolvidos tenha me ofuscado a possibilidade de ver qualquer oportunidade. Nesse ponto, não serei defensivo. Poré, aguardarei pelo seu comentário.
Não debati o processo eleitoral autárquico porque estava a fazer uma pesquisa/monitoria sobre o mesmo. Achei por bem alhear-me para, se calhar, não deixar influenciar-me pelas minha pr[oprias convicções. Em relação a Barack, hehe, americano é americano. O tom e o curso do debate não deixava nenhuma oportunidade para o tipo de debate que pretendia. E, como sabe, não sou daqueles que gosta de falar sozinho. Prefiro antes escutar a estar sempre a apontar o dedo aos que estão tentando contribuir. Mesmo assim, aprendi com eles.
Abraços.
PC Mapengo disse…
Vaz, meu companheiro. Lí as tuas ideias, curiosamente depois de ler o editorial de Moyana. O editor do Magazine corre no sentido oposto ao seu: “alguns ‘analistas’ fartam-se de insistir numa ridícula comparação entre o caso de Daviz Simango e o caso de Raul Domingos terminando tranqulizados com eles próprios, dizendo que ‘o MDM não representa perigo para ninguém em termos políticos’”. Para Moyana, MDM representa perigo para a Frelimo assim como a Renamo.
É verdade que o MDM é criado num período em que me parece haver, desesperadamente, principalmente por parte das “elites” urbanas, uma ansiedade por alternativa a Frelimo. Mesmo que não seja para ganhar as eleições, o desejo é que surja uma força, neste caso movimento, que ajude a reduzir a “arrogância” dos camaradas. Penso que é neste contexto que todos aplaudem esta formação e vaticinam as quedas dos históricos.
No entanto, sinto o mesmo que Reflectindo, que no seu texto nota-se um certo pessimismo, não acreditas na mudança dos Homens de acordo no contexto em que estão inseridos.
Parabéns pelo texto, aquele abraço.
Anónimo disse…
Queria chamar atençao pelo facto de que:

O Eng. Lutero Simango continua a ser Presidente do PCN, o PCN ao foi dissolvido senhor Egidio.

O PCN, apenas coligou_se a Renamo como os outros partidos.

Evite usar palavras desapropriadas nos seus textos, como por exemplo CALHAU etc etc. Nao lhe fica bem.

Esta a ser muito pessimista na sua opiniao, muito embora, concorde com algumas afirmaçoes e alertas.

Vou mais pela opiniao do MAPENGO e pelo editoriral do Moyana.

Nao faça... peca por fazer a comparaçao entre o Davis E Raul Domingos e sobretudo o momento em que MDM esta a nascer.

A maioria dos renamistas que se alinharam ao MDM, nao desertaram...apenas abandonaram ao Afonso Dlakama e a psicomania na gestao do Partido.
ja agora,qual é a sua opiniao sobre que resultados eleitorais teria a renamo se nao aparecesse o MDM?
Nao seria um resultado igual ou pior do que a UNITA?

Vamos dar um beníficio de duvuda ao MDM, com todas as dificuldades que irao enfrentar.

J.C.A
Anónimo disse…
Boa noite à todos,

Olhem, a minha inocência no que respeita à politica, so' me permite ver que Obama e Daviz se igualam apenas no facto de ambos serem os ''Top Modeis Politicos'' da actualidade, o primeiro à escala mundial e o segundo local. E finalmente, o facto de os dois serem pioneiros da quebra de um ciclo vicioso politico que se desenrolava nos seus pai'ses.
Do meu ponto de vista näo existe nenhum motivo para tamanha comparaçäo que tenho acompanhado.
Pela experiência reinante a moda näo tem uma longa vida, espero que esses ''jet 7's'' consigam alterar a situaçäo para o bem da sua existência.

Afinal por que é que a MDM näo se chama RENAMO' (renamo linha)?
Anónimo disse…
oi egidio!simplesmente obrigado pelo seu artigo. confesso-te que fiquei sem palavra. obrigado pela visao.tavares
Reflectindo disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Reflectindo disse…
Caro Egídio

A primeira alerta sobre o teu posicionamento em relação a criação do MDM li no Notícias lusófonas e esperei algo mais detalhado sobre isto. Portanto, mais uma vez estás de parabéns por trazeres aqui toda a tua opinião em relação a fundação do MDM. Assim discutimos melhor e que lá sabe, partimos para agir.

Estás também de parabéns pelas últimas dicas no ponto VI Saídas, embora eu tenha algo por discutir sobres elas, mas digo depois.

Agradeço-te pela resposta ao meu comentário. Tratando de pessoa que conheço, pelo menos virtualmente, conclui logo que o teu pessimismo não é por má fé em relação ao MDM, mas por nervosismo causado por receios. E quem é não está nervoso? Eu estou também nervoso embora agora esteja muito sereno e a assumir o meu papel de cidadania, pois mais do que nínguém tu sabes que a situação política que vivemos não apareceu por acaso, mas bem planificada e anunciada – reduzir a oposição a insignificância.

Lembrei-me dos teus textos de 2007 em que se discutia o futuro político de Moçambique. Neste texto aqui por exemplo Ilídio Macie, responde a pergunta sobre a razão e a necessidade de deixarmos o conformismo e o medo para através do nosso direito constitucional defendermos a democracia multipartidária.

O outro artigo muito importante que é da tua autoria com o título Afonso Dhlakama e a Polícia, encontra-se aqui. Os teus comentários aqui ditam que se fossem membro da Renamo terias abandonado Dhlakama e formado um outro partido e neste caso o MDM.

Podem os que abandonam a Renamo e outros partidos incluindo a Frelimo contribuir para o fortalecimento do MDM? Esta pergunta fazem muitos independentemente se é por má ou boa fé. É de difícil resposta, mas acho que todos os que aderiram ao projecto, incluindo os aludidos questionam-se. Não dou resposta nenhuma, apenas digo o que penso e isso é, eles podem muito bem ser a mais valia no MDM desde que tenham identificados os erros cometidos nos outros partidos onde pertenceram.

Acho injusto atribuir toda a culpa da derrota à Maria Moreno em Cuamba, quando de antemão sabemos da falta de apoio do partido, da desorganização do partido, da má liderança e da bagunça que Afonso Dhlakama criou na véspera da campanha eleitoral. Alguém pode pensar que aquilo foi só na Beira e os eleitores de Cuamba não se aperceberam de nada. Pensar assim ainda neste momento da tecnologia da informação e comunicação é querer ser ingénuo.

O mesmo acho quanto ao Lutero. A discrição que fazes partindo da liderança do PCN à coligação com a Renamo, dizes dissolução, mas isso não é verdade, é injusta, ao menos que faças uma análise profunda quanto a esta coligação. Aqui acho que Luis Loforte ajuda-nos com este texto aqui. Lutero não é isento da culpa, mas isso é por ele ter aceite coligar-se com a Renamo de Afonso Dhlakama. Parece que é verdade que havia um projecto para a dissolução do PCN, mas esse nunca foi posto em prática por culpa de Afonso Dhlakama.

Eu rejeito a ideia de que a família Simango aproveitou-se da Renamo de Afonso Dhlakama porque estou convencido que a Renamo de Afonso Dhlakama aproveitou-se do sangue da família Simango para ser aceite na arena política. Afonso Dhlakama tem que reconhecer que era falando de presos políticos e execuções sumárias de figuras de tamanho de Simango internacionalmente conhecidas que a Renamo passava a ser reconhecida tanto a nível nacional como internacional. Deixando tudo isto, era preciso avaliar o desempenho de Lutero na Assembleia da República e não menos na Comissão que dirige.

Agostinho Ussore, foi sim assessor de Afonso Dhlakama, mas sabemos que demitiu-se tendo dito as razões. Se desde há muito sabemos que Dhlakama nunca aceitou conselho de ninguém, seria injusto imputarmos a desorganização da Renamo, mesmo aos assessores que por conveniência política ainda não se demitiram. Ussore empenhou-se na candidatura independente de Daviz.

Máximo Dias, pode ser que não tenha punho para dirigir um partido com alta fasquia como o MDM, mas como um cidadão útil e responsável alguns o reconhecem a partir da sua postura na Assembleia da República. Uma das mais vantagens em ter Máximo Dias é trabalhar com as leis e um partido sério precisa deste tipo de quadros que foi muito disperdiçado pela Renamo de Afonso Dhlakama.

Carlos Jeque, jurista e analista político a mim tem me convencido em ser pessoa que sabe e procura saber o que é necessário para que um partido seja forte e alternativa. Foi derrotado nas presidenciais e autárquicas, mas nunca diria vergosamente, por eu tentar em saber onde, como e quando ele foi derrotado. Antes de ser Carlos Jeque o culpado de todas derrotas por inteiro, prefiro atribuir a culpa também à nossa cobardia, cultura política, ao nosso conformismo e tudo que nos leva todo o tempo reclamar, mas na hora da verdade votamos pelos mesmos partidos que criticamos ou gazetamos – a cultura de medo às mudanças.

Portanto, acredito que estas pessoas podem contribuir ao lado de novos quadros, embora eu sublinhe que é necessário que reconheçam as suas próprias e a falha dos partidos em que pertenceram.

Algumas observações

Não acho que esperar para 2014 é uma boa ideia, porque isso seria o mesmo que negar assumir a nossa responsabilidade relegando-a para os nossos filhos ou netos que não ensinamos a serem actores. Não podemos pensar que nisso de esperar e a Renamo, o actual principal partido da oposição a cair em desuso e tornar-se insignificante, a Frelimo esperaria relaxada e muito menos ajudaria na formação de um partido de oposição forte. Para reaparecer um outro partido forte levaria, penso eu, muitos anos, talvez 15 anos ou 20 anos, provavelmente depois duma turbulência indesejável. Para mim, o melhor é usarmos todas as possibilidades que temos e o direito constitucional para salvarmos a nossa democracia multipartidária em plena paz. A pressão na função pública, a maior empregadora, e, mesmo no sector privado é sufocante. O abuso de bens públicos é cada vez preocupante o que é indicação que em 2014 o espaço para manobra política será muito restrito ou mesmo inexistente.

Segundo, a outra questão é a comparação que muitos fazem entre Daviz Simango e Raúl Domingos, MDM e PDD. Acho sempre faltar argumento convincente e eu já havia escrito sobre isto no blog de Jonathan McCharty. Acho que o primeiro problema consiste em nunca nos sentar e analisar profundamente a falha do PDD. Quando e como o PDD se criou? O que é que o eleitor pensou sobre ele? O que o potencial eleitoral, sobretudo da Renamo esperava que acontecesse? Qual era a espectativa da liderança do PDD em relação à Renamo?

Antes de ver Raúl Domingos como um político falhado, eu tento ver que o PDD que passou por IPADE criou-se na era da UNITA-Renovada em Angola. Nessa altura, muita a gente pelo menos nas zonas urbanas, o PDD se via apenas como uma facção da Renamo, talvez para ficar na cidade se a guerra explodisse. nas zonas rurais o potencial ficou na Renamo. Entre os esclarecidos, incluindo a liderança do PDD e alguns académicos da Renamo, havia convicção que Afonso Dhlakama recuaria e procuraria reconcialiar-se com Raúl Domingos. Coma derrota da Renamo nas eleições de 2004, essa convicção parece que havia se tornado forte. Uma das coisas que me convence nisso é que Almeida Tambara, na sua entrega à Frelimo, fazia-se vir da Renamo embora se tenha tornado membro senior do PDD.

Terceiro, conforme as metas imediatas e consoante os recursos existentes, concordo que é preciso a racionalização, mas que o galo tem que cantar em todo Moçambique. O MDM aspira a ocupar um espaço relevante e a espectativa é essa. Acho que todo o membro e simpatizante tem que ter uma ambição, repito, ambição para levar o partido ao poder. A fasquia tem que ser mesmo alta. Porém, para levar o partido ao poder é necessário um trabalho árduo.

Quarto, acho que será mau, pelo menos nesta fase, o partido auto-excluir-se de outras zonas ou regiões do país. O partido tem que medir a sua máxima capacidade em todo o país. O risco será de se ver o MDM, um partido regionalista e daí convidar propaganda contra si. Para tal, é necessário que as estruturas de base trabalhem na verdade. Neste momento até as eleições deste ano as estruturas de base precisarão de muito apoio das estruturas centrais.

Quinto, acho que seria querermos meter Daviz ao mato se estivessemos a sugerir-lhe que devia trabalhar fora dos órgãos eleitos, neste caso fora da Comissão Política. Esta maneira é quase idêntica a de Afonso Dhlakama. Para mim, a boa postura é aceitarmos que são estes quadros que os delegados com direito a voto elegeram para a Comissão Política e a estes vamos pedir contas. A Daviz temos que sugerir criar uma cultura de trabalho, de prestação de contas por escrito, reuniões regulares, etc. Não vejo a razão de pensarmos que elementos da Comissão Política serão manipulados de fora enquanto houver reuniões regulares e prestacão de contas por escrito. Não é mal nenhum se cada um deles procurar pessoas que lhes dêem ideias, essas que quando achadas boas poderão se levar à sessão da Comissão Política.

Sexto, discordo que se manifeste qualquer rancor a Afonso Dhlakama.

Finalmemente, concordo muito bem contigo que o MDM mobilize mais jovens mas também temos que nos perguntar se os nossos jovens procuram espaco para contribuir para a nacão ou querem que seja o espaco a procurá-los?
Egidio Vaz disse…
Caro Reflectindo,
Muito obrigado pela análise crítica ao meu texto. Os teus pontos são bem válidos. Porém, também receio que tenha escrito este texto, “narcotizado” (no bom sentido do termo) com o efeito MDM. Foste ponto por ponto respondendo/rebatendo os meus argumentos e dúvidas no sentido imediatamente oposto, tentando provar de que estou errado no meu pensamento.
Sim, é possível que esteja enganado. Mas, independentemente do que cada um de nós defenda, uma coisa é certa: este debate é oportuno e mais uma vez prova a sua pertinência. Vivemos num Moçambique que se ergue sobre aquilo que chamo CONSENSOS FRACOS: Saímos do colonialismo em 1975. Sem mais nem menos, os nossos libertadores acharam que o socialismo era bom para todos nós. À força da ditadura fomos todos levados aceitar o modelo de governação socialista e do Partido Frelimo como os melhores. Vivíamos os dias tenebrosos da Guerra Fria. A nossa opção política constituiu imediatamente um problema com o Mundo Ocidental e a RSA, que imediatamente trataram de nos “arrumar”uma guerra fratricida de desestabilização. De 1979 a 1983/4, quase que não sabíamos porque a RSA e alguns países da Europa Ocidental, incluindo Portugal nos impunha tamanho castigo. Só depois, foi quando soubemos que afinal, a razão da guerra era a democracia. Aí, os guerrilheiros da Renamo e a Frelimo decidiram negociar a Paz – atentem no termo, negociar, como se a PAZ fosse algo negociável! Foi quanto então fomos a Roma e em 1992 trouxemos a tal Democracia. Mas antes em 1990, a constituição abria as portas para tal. À bono da verdade, essa coisa chamada Democracia, era-nos tão estranha, que até chegou-se a confundir com anarquia. Sabemos todos dalguns exemplos dessa anarquia. 34 Anos após a Independência, Moçambique é dos países que transitou por períodos históricos muito fortes e stressantes. Até o momento em que vos falo, ainda há pessoas neste Moçambique que preferem o colonialismo; outros, o socialismo e já deram grandes entrevistas neste sentido e ainda outros a democracia. Mesmo assim, torna-se difícil para os anteriores dois porem a roda a marchar para trás.
Portanto, o surgimento do MDM oferece-nos a oportunidade de, de facto, debatermos a política. Reflectindo irá concordar comigo quando disser que a experiência que temos e vivemos em relação as nossas lideranças políticas não é das melhores. Irá também concordar em relação à necessidade de debatermos seriamente o futuro da nossa democracia. Até agora meu caro, vivemos uma democracia comissionada, que ergueu à força das armas e sobrevive graças à contingência internacional.
Foi tendo em conta todos esses elementos que elaborei o texto; um texto que pretendia levantar a outra ponta do véu.
Não irei respondê-lo em relação a análise que fazes em relação algumas pessoas que mencionei, porque o que fez foi ver o “lado positivo”; o potencial que essas individualidades podem desabrochar nesse novo movimento político. Porém, mantenho o meu receio: até que ponto esses políticos poderão inspirar confiança no eleitorado. Já estiveram num lado e não lograram sucesso. Como eles próprios desejam (ou irão) reabilitar a sua imagem e aquilatá-la às expectativas populares e do MDM e de Daviz Simango, por exemplo? Isso é muito importante para o eleitorado; é importante para que o MDM não seja visto como um movimento de desertores da Renamo mas um novo movimento relevante e justificável; que pretende lutar para conquistar o poder político em Moçambique? Por fim, o meu receio está na possibilidade de o MDM voltar a ser uma instituição política pessoalizada, à semelhança da Renamo e PDD, ou seja, uma instituição onde Daviz é o Alfa e Omega. Sem ele, nada feito. E este perigo ocorre quando dentro do partido, as instituições são fracas, e a fraqueza das mesmas, deriva da qualidade dos principais actores, portanto das pessoas. Por outro lado, receio que pelo desgaste da imagem dalguns dos componentes deste círculo, o MDM não seja capaz de, a breve trecho, lograr convencer mais pessoas a aderir o movimento.
Se as minhas inquietações não são legítimas, pelo menos deverão ser acauteladas nessa fase.
Em relação à Lutero, apenas tenho a dizer que ele sim, afundou o PCN; se reconhecem que de facto a fusão estava em marcha, faltando a sua concretização, então deverão também concordar que, dentro da coligação, PCN beneficiava de um tratamento diferente dos restantes. E, o o texto do grande Loforte pode também atestar.
Sobre se a comparação com Raul Domingos é ou não feliz, eu digo que sim é feliz. Existem mais semelhanças do que diferenças entre essas duas personalidades.
1. O contexto: Raul Domingos e Daviz Simango foram expulsos em circunstâncias estranhas. E ambos goza(va)m de uma grande aceitabilidade no seio do povo moçambicano; principalmente Raul Domingos, por razões históricas. Foi negociador chefe do AGP.
2. Foi Afonso Dhlakama quem mais esteve interessado em expulsá-los que os motivos alegados. Dhlakama deixou-se enganar.
3. Ambos benefici(a)ram de uma grande simpatia dos media. Salomão Moyana, é quanto mim, o modelo; o exemplo paradigmático! Foi o jornalista que efusivamente apoiou a formação dos dois partidos; foi dos editorialistas que mais páginas dedicou ao processo de formação do PDD e MDM. E os argumentos eram os mesmos. Apenas mudaram um pouco em relação ao MDM, já que Daviz “derrotou a Frelimo” e Raul Domingos não. Portanto, não me surpreende que daqui a um, dois, três anos, ou se acontecer, dentro da Frelimo surgir alguém como Eneas Comiche, que queira, com ajuda da dita “ala moderada da Frelimo” e alguns históricos, formar um partido Político, tenho a certeza, dizia, que Salomão Moyana irá apoiar, com mesmos argumentos mais alguns novos, que na altura se provarão plausíveis. E isso não é mau.
4. A mesma paixão que se teve aquando da criação do PDD está agora a revelar-se a favor do MDM. Porém, os apaixonados esquecem-se de duas coisas importantes
a) Que o MDM é apesar de tudo, um Partido novo. É apenas um partido que precisará trabalhar para alcançar os objectivos que almeja. Precisa de recursos humanos, financeiros, infra-estruturas estratégia. E, acima de tudo, precisará provar no terreno e não nos jornais a sua relevância, a sua implantação. Portanto, recomenda-se uma dose de modéstia e equilíbrio bem como gestão sensata de expectativas.
b) Que o MDM é um partido que está a nascer na cidade. Grande parte do eleitorado vive no campo, onde a Frelimo e a Renamo campeiam. Portanto o battle ground na verdade deverá ser lá, porque na cidade a Frelimo levará vantagem. Sendo a maioria dos fundadores do MDM ex-membros da Renamo, estes precisarão explicar-se ao grande eleitorado as suas razões e arrastá-lo para o seu lado. Há muito trabalho pela frente. E, parece-me que o tempo não está do lado do MDM. Precisam começar agora, nunca!
ABRAÇOS.
Anónimo disse…
Em primeirissimo lugar deixa-me congratular ao REFLECTINDO. CARO estas de Parabens pela forma como contra argumentas a analise de Egidio Vaz.

Em segundo lugar deixa-me Parabenizar Egidio Vaz por mais uma vez suplantar todo e qualquer dogma politico que poderia alguma vez existir e prestar homenagem a sua verticalidade academica, apresentando factos que nos levam a perspectivar um fracasso do MDM.

Bem, depois de ler o levantamento exaustivo que Egidio nos traz, acompanhado com os contra-argumentos de Reflectindo e as opnioes de Moyana que nao poderiam ser outras, apesar de as respeitar bastante, fica dificil apresentar um posicionamento a respeito do assunto.

Mas vamos la. Egidio Vaz peca por trazer uma visao de um unico angulo de analise, isto e nao se da uma chance a ele proprio na sua analise. Como se fosse "DEUS" determina que pelo facto do MDM se constituir por membros desanvindos em outros partidos, tera um fracasso. Egidio a partida marginaliza a mistica que outros factores como os anseios da sociedade interna e externa possam influenciar, na filososia do que se espera do MDM. Isto mesmo que as bases de fundacao do MDM sejam fracas podem ser solidificadas ao longo do tempo.

Discordo com Egidio na perspectiva em que torna-se bastante dogmatico na forma como analisa a poderio de Daviz de gerir as expectativas dos que o rodeiam, quero com isto lembrar meu caro, que se o Partido funcionar na base da Doutrina Daviz, ai sim poderemos ver algum sinal de mudanca. Daviz eliminou como bem disseste aliancas partidarias no seio do Municipio que poderiam minar a gestao do mesmo e so um exemplo.

Outro facto que pode repito pode ter levado Egidio a um grave erro (o futuro dira se levou ou nao) e o facto de nao termos tido ainda a oportunidade de avaliar o programa de actuacao a ser definido pelo Presidente do MDM.

QUE FACTORES FARIAM EGIDIO ESTAR CORRECTO

Sim a partida existem alguns factores de fraqueza no surgimento do MDM que a serem perpetuados nao darao a dinamica necessaria para o MDM se tornar uma forca politica com espaco no xadrez politico nacional.

1. Os "desertores" da Renamo terem se filiado ao MDM nao por pretender um "Mocambique para Todos" mas por ascender rapidamente a cargos politicos com resultados economicos e a nao acontecer num futuro breve 5 anos ou volatarem aos partidos de proviniencia, ou retirarem-se da politica desfazendo o partido ou o deixando a deus dara.

2. A imagem de trabalho que e usada pelo MDM com algum merito, e a que DAVIZ criou e conquistou na BEIRA, se ficarem na sombra dessa imagem de Daviz na Beira nao trabalharem ao nivel nacional o MDM se ficara pela BEIRA.

3. O MDM surgiu da RENAMO se voltar a RENAMO isto e se permanecer a discutir o assunto RENAMO, se discutir DHLAKAMA, nao tera tempo para criar a sua agenda e imagem proprias, e depois de algum tempo, o MDM nao passara de um departamento da RENAMO.

Enfim, vou continuar quando a conjuntura me permitir. Pra ja.

Parabens Egidio por nos permitir te contradizer.

Abraco a todos.

PS: PORQUE DOS MUITOS ANONIMOS NO DEBATE PUBLICO NACIONAL?
Anónimo disse…
Olha amigao vaz tou agora com tanta pressa e nao posso advinhar se chego a casa. Tal exemplo podes tanbem adoptar para nao cairmos em conclusoes sobre descomportamento eleitoral se a palavra existe como diz meu grande amigo Valdemar Massassa.

A politica e diferente da receita da cozinha. Na receia tu tens o controle dos ingredientes e do fogo claro se queres fazer algo cozinhado.

Quando acompanhei ontem o debate em torno dista questao gostei da eliminacao feita pelo Manuel de Araujo sobre as fronteiras costumeiras entre o racional e o Emocional! vale a pena tentar reflectir sobre isso?

O problema nao esta em torno do MDM ser formado por "dessidentes" da RENAMO? Amigo um partido e como um clube de Futebol contrata os jogadores que irao dar a mais valia. Veja o Chale Ossufo de onde veio mas a FRELIMO nao morreu. Ganhou e bem e muito merecido. Respeito bastante as tuas analises ma uma coisa e comparar PIMO com PDD! O que nao fizeste. Outra coisa e compara MDM com Oposicao construtiva que vai a um congresso e doa 17.ooo de combate a pobreza ao congresso da FRELIMO! como diz bem Elisio Macamo a Frelimo nao precisa deste dinheiro porque sao organizados. Mas sao.

Amigo conheces o GDB? Ouviste falar de alguma assembleia geral? Quando e Como?

Vou parar por aqui
Trabalhemos trabalhemos trabalhemos
Mas com pessoas claras e que sabem o que querem e nao espetem que sejam apanadadas pelo tufao pra....
Reflectindo disse…
Caro amigo Egídio Vaz, caros amigos,

Quero apenas dizer que não desisti e nunca desistirei deste debate. É minha tradicão que se entro num debate passo a ter um dever de satisfazer as questões dos outros colacadas em torno do meu comentário. Tive problemas de tempo, mas usarei o fim de semana para eu satisfazer o meu amigo Egídio.

Egídio, só para não te deixar com dúvidas, as tuas preocupacões são muito legítimas e espero que não me julgues de quem acha ter premissas infalíveis.

Até logo
Egidio Vaz disse…
Caros todos os os comentadores (debatedores). Geratos pelos vossos válidos comentários. Daviz já começou com a sua "missão externa". E neste momento crucial da sua vida política, gostava de aproveitar o ensejo para desejá-lo muita sorte. Os pontos aqui elvantados deverão constituir uma espécie de "food for thought"; um checklist para todos aqueles que desejam o desenvollvimento de uma verdadeira democracia em Moçambique.
Continuo ainda cetico em relação a cúria do MDM, porém, muito esperançado na mudança de mentes. Aconselha a sabedoria popular que gato bravo é gabto bravo; por mais que mude de florestas ou mabientes, deverá ser tratado como tal. Ao longo da campanha para as eleições americanas, Obama brincou com McCain, fazendoo uso do mesmo adágio, porém, um pouco mais refinado. Ele disse - referindo-se a política externa dos Republicanos - que por mais que submetessemos um porco à uma cirurgia plástica, o porco continuaria porco. Pouco ou nada mudaria. Mas, acreditando que não é de porcos de que estamos a falar, ao MDM apenas recomendo uma coisa: que não se amarre à figura de Daviz; que cada membro componente deste partido seja ele próprio e cosniga trazer mais cinco. Que cada membro senior - SG, cmissão política e membros de outros órgãoos - sejam capazes de convencer outras pesoas cépiticas a aderirem o movimento. Este foi no fundo, a tese que prtendi defender no ponto II deste texto. Será que Lutero Simango cosneguirá por exemplo, convencer membros do PCN a aderirem ou apoiar o MDM? E Máximo Dias? Que valor acrescenta Maria Moreno ao MDM? Experiência na gestão partidária? Inserção no eleitorado de Niassa? E Ussore? Portanto, estamos a falar na capacidade de cada um dos membros saber se posicionar e fazer a diferença. O que escrevi é fruto de uma análise baseada em uma evidência empírica. O que muitos escreveram, e outros falam, apenas é baseado na ardente ânsia em ver as coisas mudar.
E, nisto tudo, precisamos ser ponderados e prudentes.
Abraços.
E.
Anónimo disse…
Viva Vaz! Em primeiro lugar tenho a parabenizar-lhe pelo artigo e pelo debate. Acredito que com este tipo de debate de ideias estaremoos da dar a nossa cota parte ao processo democratico mocambicano e a edificacao de um estado de direito 'de facto' em Mocambique. Ora,concordo com o Noa quando defende que apresentas o seu pensamento num angulo apenas. Acabas sendo ate muito pessimista, mas enfim, no geral percebe-se a mensagem que queres passar. Tambem acho que foi pouco precipitada a formacao do movimnento, mas tinha que nascer de algum geito. As veses a ousadia pode valer em algo. Sobre os quadros 'pensantes' do MDM,espero que Daviz seja suficientemente maduro no desenho do seu pensamento estrategico e que saiba separar o 'joio' do 'trigo' pois nem todos eles representam uma forca, pelo facto de nao serem capazes de com proprios pes seguirem seus caminhos e pelo facto de, alguns deles, renderem-se as incoerencias do seu lider...Pelo sim, pelo nao, vai o meu parabens pelo facto de colocares o seu pensamento nu e cru!
Egidio Vaz disse…
Obrigado Celso. Para frente é o caminho. Abraços. E
Anónimo disse…
Desculpe-me o comentario grosseiro amigo Egidio: voce quando quer ee muito lucido.

Obed L Khan
Egidio Vaz disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Egidio Vaz disse…
Obed, desculpe-me, não percebi o quis dizer. Mas acho sempre que tento no máximo dizer apenas o que eu penso. Ora, não sei se tenho tido intervalos de lucidez ou não. Uma coisa garanto-o: quando estou com sono não escrevo. E, quando bebo, também não escrevo...hehe. Talves me aconselhe a ver o médico.
Abrços
Anónimo disse…
Egidio, foi a maneira desajeitada que encontrei para dizer-te que fizeste um exercicio de reflexao- soberbo. E como desta vez eu assinaria de cruz teu post acho que foste mais lucido que das outras vezes. Nao leve a serio e ainda bem que te riste.

Obed L Khan
Egidio Vaz disse…
Muito obrigado pelo esclarecimento. Abrços.
E.
amosse macamo disse…
excelente argumento....parabens caro Egidio.
Anónimo disse…
Caro Egidio, parabens pela analise. confeso que nao subscrevo na totalidade as suas analises mas foste feliz nos teus argumentos

um abraco, jose belmiro
Egidio Vaz disse…
Obrigado José.
Abraços
Carlos disse…
debate valioso...esses argumentos vao apoiar uma fundacao solida do MDM como Egidio disse numa passagem "food for thought"...precisa-se uma formacao solida e capaz em Mocanbique...nao importa estar no poder ou na oposicao, mais sim um partido com agenda do povo merecido...mesmo que a Renamo, PDD, MDM venham trabalhar juntos, o que se quer e' partido com agenda...carlos-gurue
Egidio Vaz disse…
Muito orbigado Carlos. Não tenhamos medo de fortificar as nossas convicções através de um debate forte pois dele também nascem consensos fortes.
Abraços.
Anónimo disse…
PARABENS EGIDIO VAZ PELO ARTIGO.
EU APOIO O SURGIMENTO DE NOVOS PARTIDOS.
O MDM PARA MIM NÃO É UM PARTIDO NOVO, É SIM, A RENAMO NÃO LIDERADA POR DLAKAMA. DIGO ISSO PORQUE AS IDEIAS QUE OUVIMOS DO PRESIDENTE DO MDM SÃO AS MESMAS DA RENAMO, AS MESMAS RECLAMAÇÕES: BLA BLA DESPARTIDARIZAR O APARELHO DO ESTADO...BLA BLA DESPARTIDARIZAR O 7 DE ABRIL, ETC ETC, AS MESMAS CANTIGAS DA RENAMO. INTRIGANTE TAMBÉM FOI SABER QUE PRESIDENTE DO MDM, EM PORTUGAL JANTOU COM A FAMILIA JARDIM, A MESMA FAMILIA QUE APOIA A RENAMO...
Anónimo disse…
Vaz, meu amigo, voltarei com mais tempo para comentar o teu artigo, mas me parece boa coisa como sempre nos habituaste.

Nyikiwa.

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